A situação das funerárias se complicou bastante desde o início da pandemia, quando a média diária de mortos no Brasil registrou vários recordes. Além de arcar com despesas maiores para cumprir as normas sanitárias, empresas do setor esbarram agora em outra dificuldade - encontrar urnas mais baratas e de boa qualidade, que são as de maior saída.
Elas não possuem os requintes das que têm acabamento de luxo e passam dos R$4 mil. Esses modelos estão longe do poder aquisitivo da maioria das famílias e continuam presentes nos estoques das funerárias. Já o mesmo não acontece na ala popular, devido à demanda altíssima, coisa que o Brasil nunca havia registrado, e como a reposição depende da cadeia produtiva, o efeito dominó está preocupando.
São poucas fábricas de urnas no país e elas alegam enorme dificuldade de encontrar matéria-prima. A situação está chegando a tal ponto que algumas acreditam na possibilidade de faltar urnas no mercado. E mesmo que o Brasil tivesse mais fábricas, dificilmente elas conseguiriam aumentar a produção neste momento, por causa da restrição de alguns produtos. Tem empresas que até já ficaram paradas alguns dias por causa disso.
As chuvas no Paraná, que é o segundo estado brasileiro que mais vende madeira serrada e compensada, agravaram a escassez de matéria-prima. Já o aço teve alta de mais de 180%. Componentes de parafuso, alça, papel e papelão também tiveram vários aumentos. Com isso, os fornecedores não estão aceitando pedidos além da média encomendada normalmente, devido à alta procura. Por sua vez, as funerárias têm recusado a compra de urnas de má qualidade.
Existem modelos que são tão ruins que, além de chegar com defeito, começam a abrir dos lados e nem sequer fecham a tampa. Aí quando alguém dá uma forçada maior para fechar, a tampa trinca. Como o número de mortes continua muito elevado, não há previsão do setor retomar a normalidade em curto prazo. Para sobreviver, as funerárias terão que manter a busca permanente pela renovação do estoque.
Foto: Arquivo/Rádio Santa Cruz FM
