Os estudantes da Universidade Federal de Viçosa, Campus localizado no município de Florestal, vêm acompanhando com interesse um caso de injúria racial ocorrido na instituição, em dezembro do ano passado. Desde então, a vítima está lutando pelos seus direitos e embora tenha encontrado muita resistência, não desistiu do processo. A história começou em um grupo de WhatsApp dos alunos do curso de Educação Física.
Em uma mensagem, um estudante enviou uma pergunta ao grupo sobre determinada disciplina. A vítima então deu uma resposta que, mais tarde, ficou comprovado que era errada. Para não render a discussão, ela decidiu sair do grupo. Dois dias depois um colega mostrou a ela o print da conversa que se sucedeu depois de sua saída do grupo de WhatsApp.
Além de usar palavras de baixo calão, ele se referiu a ela como “neguinha, que acha que sabe de tudo”. Também fez ameaças, uma delas a de que jogaria fezes de cachorro pela janela dela. Assustada, a estudante chegou a pedir apoio da guarnição policial, uma vez que é vizinha dele, alegando que racismo é crime. O acusado chegou a enviar uma mensagem pedindo desculpas.
A jovem também decidiu registrar um boletim de ocorrência e tentou fazer uma representação na Delegacia de Polícia de Florestal, sem sucesso. Diante disso, ela resolveu apelar para o Ministério Público de Juatuba, onde conseguiu dar o primeiro depoimento. Agora, vários meses depois, o Ministério Público ofereceu a denúncia contra o autor da ofensa, requerendo a fixação do valor mínimo de R$10 mil por danos morais coletivos, já que a injúria racial aconteceu em um grupo da turma.
Consta no inquérito também que antes de recorrer aos órgãos de segurança, a vítima tentou resolver a situação internamente, entregando uma denúncia à direção da Universidade de Viçosa que, por sua vez, solicitou a apuração de Florestal. Acontece que a secretária administrativa do diretor não enviou o processo ao presidente da comissão, além de ter aconselhado a aluna a deixar o caso pra lá. Segundo ela, a vítima não deveria esperar por Justiça, porque não haveria Justiça.
A aluna não desistiu e formalizou uma denúncia no Fala.BR, do Governo Federal. Agora, sete meses depois, o processo está em andamento, com depoimentos das partes. Inclusive, a Delegacia de Polícia de Florestal já iniciou o inquérito. A comissão que está apurando o caso na universidade, por determinação da diretoria, também tem acompanhado os depoimentos das partes e das testemunhas.
Como esses assuntos são demorados, o processo ainda pode se arrastar por meses, mas o sentimento que toma conta da denunciante e até mesmo de algumas testemunhas é o de que ninguém deve se calar diante de humilhações e práticas criminosas.
Foto Ilustrativa: Reprodução ufv.br/campus-florestal