Se pra muita gente 2020 será lembrado como um ano difícil por causa do coronavírus, para quem teve a vida impactada, desde janeiro de 2019, por um mar de lama tóxica que passou levando vidas e direitos, o drama é ainda maior. A luta pela reparação das pessoas atingidas pelo desastre do rompimento da barragem da Vale foi incansável ao longo do ano.
Problemas como falta de abastecimento de água, perda de áreas de plantio e de pasto, aparecimento de doenças físicas e emocionais e falta de amparo econômico marcaram 2020 de milhares de vítimas do rompimento, tanto na extensão de Brumadinho, quanto na Bacia do Paraopeba e Lago de Três Marias.
No final de outubro os atingidos foram surpreendidos com a notícia de uma tentativa de acordo judicial de conciliação, tratado a portas fechadas entre a Vale, que é a ré no processo, e o Governo de Minas Gerais. Há poucos dias aconteceu a quarta audiência de conciliação que, assim como as outras, não contou com a participação das pessoas atingidas.
A reunião acabou mais uma vez sem que as partes chegassem a um acordo. Do lado de fora do TJMG, cerca de 100 pessoas protestaram contra o fechamento de um acordo sem ouvir os atingidos. As assessorias técnicas independentes, como o Nacab, que é o Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens, têm travado uma luta para que os direitos básicos dos atingidos sejam respeitados ao longo de todo o processo.
E para que essa garantia aconteça, eles exigem transparência nas relações com as comunidades e pessoas atingidas. Na semana passada, um manifesto on-line foi realizado entre lideranças dos atingidos, que apresentaram um manifesto, o qual foi anexado ao processo judicial pelo Desembargador, responsável pelo caso, que abriu vistas para manifestação das partes no prazo de 24 horas.
Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
