Pecuaristas de leite começam o ano na esperança dele ser diferente e melhor do que 2023. A aposta do setor é na redução da importação do leite em pó, especialmente de países vizinhos, como Argentina e Uruguai.
A compra do produto de outros países gerou uma consequência grave para os produtores nacionais, principalmente os de médio e pequeno porte. Isso porque houve um desequilíbrio no mercado interno, com uma queda expressiva dos preços pagos aos produtores.
Em contrapartida, os custos de produção mantiveram-se em alta, fazendo a conta fechar no vermelho por vários meses. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), de 8% a 10% dos pecuaristas não conseguiram se manter no ramo em 2023.
José dos Santos Duarte, que tem uma fazenda em Conquista, povoado de São José da Varginha, foi um dos produtores prejudicados. Ele diz que a situação só não foi pior por causa da ajuda dos bancos e cooperativas de crédito. Para suprir o déficit nas contas, a saída foi fazer empréstimos e renegociar dívidas.
José Duarte estima que, somente em 2023, teve R$ 500 mil de prejuízo. E espera que o governo tome medidas mais rígidas para proteger o setor, já que a produção nacional é suficiente para abastecer a população.
O presidente do Sindicato Rural de Pará de Minas, Eugênio Diniz, também é produtor de leite e está preocupado com os rumos do setor. Contou que em dezembro recebeu R$ 1,72 por litro, enquanto o custo de produção ficou na casa dos R$ 2,50:
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), somente no primeiro semestre de 2023, o Brasil importou um bilhão de litros de leite, volume 300% maior que o mesmo período de 2022.
Por outro lado, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do leite pago ao produtor no ano passado sofreu queda de 24,8%. Isso reflete diretamente em Minas Gerais, pois o estado é o maior produtor de leite do país, responsável por 27% da produção nacional.
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