O Brasil celebra hoje os 132 anos da abolição da escravatura. Em 1888 a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, colocando fim ao trabalho escravo no país.
Cerca de 700 mil escravos foram contemplados com a liberdade e não receberam indenização do governo. As autoridades da época também não se empenaram em integrar os ex-escravos à sociedade.
A abolição foi resultado de um longo processo de luta e mobilização popular. O tema foi debatido ao longo de todo o século XIX, começando a ganhar força em 1850 com a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro no Brasil.
Mas será que 132 anos depois é possível dizer que a escravidão foi, de fato, extinta no país? O padre Jurandyr Azevedo Araújo, da Pastoral Afro-brasileira da CNBB, diz que a resposta é não.
Há vários anos engajado nos trabalhos da pastoral e outras atividades pelo fim da discriminação ao negro, Padre Jurandyr conversou com o JM lamentando a existência do trabalho escravo, principalmente envolvendo menores.
Mas na opinião do sacerdote, a maior escravidão continua sendo o racismo.
Apesar do preconceito ainda presente na sociedade brasileira, Padre Jurandyr Araújo diz que é importante celebrar esse 13 de maio e valorizar as conquistas dos negros:
Com relação à pastoral afro-brasileira, Padre Jurandyr esclareceu que o trabalho vai além da reflexão, já que também acontece com ações efetivas.
Como mencionamos no início da matéria, com o fim da escravidão não houve iniciativa do governo para integrar os ex-escravos à sociedade. Isso fez com que eles se sentissem marginalizados, pois não tinham as mesmas oportunidades. Para a pedagoga Cida Penha, ainda hoje sentimos os reflexos dessa falta de acolhimento a quem deixou de ser escravo.
Como mulher negra e orgulhosa de ser quem é, Cida Penha deixa uma mensagem de coragem e esperança para as mulheres:
E se você quiser conhecer mais sobre esse importante marco da história brasileira, o Canal Brasil vai apresentar hoje às 20h o documentário “A Última Abolição”, da diretora Alice Gomes. A produção aborda o protagonismo dos escravos na luta pela liberdade, as revoltas dos negros em favor da emancipação, o papel dos quilombos, as ações dos movimentos abolicionistas no século 18 e a falácia da democracia racial no Brasil.