Estamos celebrando 50 anos de caminhada do ECC (Encontro de Casais com Cristo). Tendo como base o propósito do grupo, me faço lembrar de um Teólogo Espanhol radicado no Brasil chamado Alfonso García Rubio, professor e escritor. Dentre suas obras, destaco uma magnífica chamada: "Encontro com Jesus Cristo Vivo". Livro de muito fácil compreensão. Pensando no significado da sigla ECC – creio que se torna desafiante olhar a dinâmica do Encontro na perspectiva de Garcia Rubio, ou seja: encontrar-se com o Cristo vivo.
Pois Ele vivo nos desafia constantemente! Creio que encontrar com Jesus vivo será sempre uma tarefa que exige AÇÃO RENOVADA, que seja compatível com o "já de nossa história". Afinal o que Ele falou e fez foi compatível com o "já do momento" em que caminhou historicamente com seu povo – e o que falou e fez precisa ser prolongado na história que vai terminar um dia na presença contemplativa do rosto de Deus. Para ser mais claro: a humanidade continua com fome, sendo injustiçada, violentada, escravizada, hostilizada!
No Brasil temos um médico psiquiatra chamado Augusto Cury. Em um de seus muitos livros ele afirma que, celebrar sexta feira da paixão, sentado nos bancos de nossas Igrejas (algumas até com ar condicionado) não é difícil, pelo contrário, é confortável. Concordo com a afirmativa dele. Então, celebrar e encontrar Jesus dentro do que chamamos "zona de conforto" não coloca em movimento a proposta que Ele nos deixou – de sermos prolongadores de sua AÇÃO NO MUNDO. Para isso Ele prometeu a nós o Espírito Santo.
E cumpriu! A missão do Espírito é a defesa, em meio ao esquecimento, desafios, conflitos e rejeições – do PROJETO DE DEUS! É nesse espírito que nosso Papa Francisco vem insistindo em sermos uma "Igreja em saída". E a provocação está feita. É com tudo isto em mente que me pergunto: o que é ser um casal do ECC e um padre diretor espiritual do encontro? De outro lado, olhando o já de nossa história – que ENCONTROS ESTAMOS TENDO ou PROMOVENDO?
O momento no mundo é de PANDEMIA! Distanciamento social! E tem batido às portas de muitos irmãos, irmãs e famílias, a dor da perda de entes queridos, o desemprego e a fome; o medo e a insegurança! Alguns, para proteger-se e proteger a própria família se isolaram, criaram bolhas de proteção! Quantas dificuldades gritam por nós, do nosso lado! Pensar em nós e nossas famílias e pensar nas famílias que estão conosco, no mesmo prédio, no mesmo bairro, na mesma comunidade de fé – é um dos muitos desafios do tempo presente. Como promover o encontro com "Jesus Cristo vivo" dentro desse "já de nossa história"?
Nossa Igreja tem insistido em recordar a todos que em casa, na vida de oração, na escuta da Palavra, no discipulado de Jesus, formamos a Igreja Doméstica. Nela somos desafiados a evangelizar os filhos, a fazer o exercício da escuta, do agradecimento, do perdão e da comunhão. O que realizamos nas grandes celebrações dentro de nossas Igrejas, agora é proposto a ser realizado dentro de nossas casas.
Interessante porque você vai dizer: meus filhos não querem sentar, ouvir a palavra, dialogar, rezar, etc. Isso é o que também o padre vive na grande comunidade paroquial! Uns são bons de dar ideias – mas na execução vão saindo de fininho, não respondem. Outros sutilmente boicotam, fazem propaganda contra, torcem o nariz de tal forma que acham que o padre não viu. Ainda tem os filhos que são capazes de fazer você entender claramente que bom é o pai do amigo dele.
São muitos que fazem seu padre entender que bom mesmo é o padre da paróquia vizinha ou o padre que o antecedeu. Vê porque sua casa é Igreja? Não podemos duvidar que damos conta de construir caminhos capazes de fazer nascer um NOVO TEMPO. Para concluir: se você se esfriar nesse momento, o que acha que vai acontecer com a Igreja (Doméstica e Paroquial)? E com seu padre? Onde queremos chegar?
AINDA não estamos podendo reunir nossos grupos de reflexões, nossas assembleias celebrativas – mas podemos ir dando passos altaneiros de compromisso com "Jesus Cristo vivo" que nos interpela todos os dias e espera de nós uma resposta que se converta em AÇÃO. Parabéns pra você que faz parte do ECC – celebrando 50 anos nesse momento de PANDEMIA!
Pe. Juvenil Batista da Cruz