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Homilia de Dom Geovane Luís na Ordenação Presbiteral do Diácono Gustavo César

04/12/2024

No último sábado, dia 30/11, foi realizada na Paróquia de São José Operário, em Divinópolis, a Ordenação Presbiteral do Diácono Gustavo César dos Santos. A celebração foi presidida por Dom Geovane Luís e teve presença do clero diocesano, presbíteros e diáconos permanentes, bem como dos familiares e paróquias onde o agora, Padre Gustavo, passou em seu estágio pastoral. Confira na íntegra a homilia de Dom Geovane:

“O amor jamais acabará” (1 Cor 13,8a)

Caríssimos irmãos(ãs), a eucaristia é a mais bela expressão do amor de Cristo por nós. Seu amor eterno emoldura nossa vida e lhe dá um verdadeiro sentido.

Ao celebrarmos hoje a festa do Apóstolo Santo André, recordamos que ele foi alcançado pela ternura de Jesus e tornou-se capaz de acolher o chamado do Senhor. Seu exemplo nos anima a dizer sim ao convite do Mestre de Nazaré: “segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19).

Nesta liturgia será ordenado presbítero mais um filho desta amada Diocese, o Diác. Gustavo. Saudamos seus pais, o Sr. César e a Sra. Eunice; seus amigos, o clero diocesano, religiosos(as), vocacionados e o povo santo de Deus.

O chamado do Senhor, outrora dirigido aos pescadores à beira do lago, hoje se dirige especialmente a você, caro filho. Como não associar o rito da eleição que vivenciamos há pouco ao relato da vocação e chamado dos primeiros discípulos?

Chamado de Jesus na Igreja

A Igreja modelou o rito da ordenação inspirando-se nos relatos do evangelho, no qual Jesus chama os discípulos e estes respondem ao chamado. Na voz da Igreja que diz, queira aproximar-se o que vai ser ordenado presbítero e, no ato de prontidão daquele que responde presente, atualiza-se o insondável mistério da vocação que é sempre chamado amoroso de Deus e resposta livre do ser humano.

Chamado à beira do lago

Este trecho do evangelho de Mateus nos fala do início do ministério de Jesus no qual se insere a vocação e o chamado dos primeiros apóstolos.

O lago da Galileia é o cenário onde Jesus caminha e repousa seu olhar sobre aqueles que ele ama. No quotidiano humano de Jesus irrompe o mistério de Deus e nada resiste à sua voz. A Galileia é uma região distante de Jerusalém, desprezada, porque os judeus, ou seja, os hebreus da tribo de Judá não tinham uma grande estima pelos galileus.

Ao iniciar sua missão numa região desprezada por muitos de sua época, Jesus nos indica qual será a rota do seu ministério: um caminhar constante ao encontro dos mais pequenos, pobres e sofredores. Sendo Filho de Deus, Jesus associou os discípulos ao seu ministério e não quis realizar sozinho sua obra redentora. Assim ele expressou seu amor ao Pai anunciando o Reino; e às pessoas, associando-as à sua missão.

Jesus Cristo desejou e amou a Igreja (Ef 5). O nascimento da Igreja, comunidade de irmãos e discípulos, não foi apenas um ato isolado em sua vida. Em cada gesto e palavra do Senhor manifestou-se o seu desejo de constituir ao redor de si a comunidade dos discípulos, ou seja, a Igreja. Podemos dizer que às margens do mar da Galileia se dá a manifestação do admirável sacramento da Igreja nascente.

É de maravilhar o fato de Jesus chamar os discípulos ali, na Galileia! É admirável que a Igreja não tenha nascido em um recinto reservado e sagrado, que Jesus não tenha chamado os primeiros apóstolos dentre os membros da elite religiosa do Templo de Jerusalém, que não foi buscá-los na sinagoga. Jesus quis que a sua Igreja nascesse livre, aberta ao mundo, banhada pelas águas da graça divina e cheia de beleza. Ele não a constituiu para ficar dentro de uma redoma de vidro, mas para ser imersa na realidade da vida das pessoas. Jesus não reúne os primeiros discípulos em um lugar de destaque e famoso; não os chama numa ocasião especial, mas enquanto estão trabalhando. A Igreja que Jesus reúne ao seu redor é a Igreja do quotidiano.

Resposta livre e prontidão

Simão, André, Tiago e João responderam prontamente ao chamado do Senhor. Deixaram as redes e o seguiram, pois entenderam que Ele era o Salvador e não hesitaram em segui-Lo. Deixaram tudo, também os meios de trabalho, dos quais, ainda que modestos, tiravam sustento. Fazem-no não com tristeza, mas com a alegria de quem encontrou um tesouro. Não é privação, mas a escolha livre daquilo que mais do que tudo enche de alegria o coração. Decidir é eliminar definitivamente da própria vida outras possibilidades, para buscar somente aquilo que nos dá alegria verdadeira. O preço é alto: deixa-se tudo! Com Deus não se regateia. A Ele se dá tudo ou nada.

Recriados em Cristo e elevados ao amor

Ao criar o mundo, Deus primeiro disse e tudo se fez. Só depois viu que tudo era muito bom. O Filho Amado, Jesus Cristo, no qual somos recriados, primeiro viu e depois disse: Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens. É uma proposta, pessoal e direta, um convite para estar próximo a ele e segui-Lo.

Jesus elevou os que foram chamados a uma condição sublime: eles não mais pescariam peixes, mas pessoas, para libertá-las do mal e lhes dar uma existência digna do ser humano. Os discípulos se tornaram pescadores de vida, como Jesus, o Filho, que pesca e resgata o ser humano. Eles foram pescados por Jesus e se tornaram semelhantes a ele, irmãos de todos os perdidos e sofredores.

Mas Jesus os chama para fazer o quê? Para que se coloquem a caminho: Segui-me ou seja vinde após mim. Esta é a sua proposta. Naquela época um rabino comum teria dito: venham e se assentem, para anotar tudo que eu lhes disser e ensinar; ou, venham, escutem e repitam para aprender de cor uma doutrina. Ao invés disso, Jesus convida os seus discípulos para que se ponham em movimento. E eles começam a caminhar atrás de Jesus. A Igreja nascente à beira do lago não está assentada à espera de que os outros venham até ela. Não. É uma Igreja em movimento, em saída, em busca de irmãos(ãs). Os discípulos são pecadores que têm a humildade de se colocar sempre a caminho, não são santos que já alcançaram a meta.

Este caminho tem um norte: fazer dos discípulos pescadores de homens. Jesus respeita a humanidade daqueles que ele chama e não lhes pede naquela hora que se tornem pastores, operários, agricultores, mas que permaneçam pescadores, sejam eles mesmos, conservem sua humanidade. Porém Jesus os insere no horizonte da missão: não mais serão pescadores de peixes, mas de pessoas. De agora em diante vão gastar a própria vida não apenas para matar a fome de suas famílias, mas para saciar a fome das multidões. As suas redes daqui para frente serão jogadas não só no mar da Galileia, mas naquele mar profundo e misterioso que é o coração humano. Um mar frequentemente agitado por tempestades, dentro do qual, porém, se encontram riquezas inesperadas, a sede de amor, verdade, justiça e beleza; em suma a sede de Deus.

Jesus nos chama e deseja que lancemos redes de esperança e de ternura. A Igreja que ele desejou às margens do lago e que brotou do seu coração ferido é chamada a se tornar a cada dia uma rede de amor e de esperança, uma comunidade capaz de construir a fraternidade. Não por acaso, no trecho do evangelho proclamado nesta liturgia, por quatro vezes aparece a palavra irmão. Somos chamados à fraternidade e nela somos gestados pela graça do Espírito. Caro Diác. Gustavo, dentro de alguns instantes, isto se tornará visível quando os presbíteros juntamente comigo, são convidados a impor as mãos sobre você (Cf. PO 8). O padre será sempre um peregrino em busca de irmãos e não poderá ser feliz de outro modo.

Dom Geovane Luís da Silva – Seja serviço de amor 

Por: Diocese de Divinópolis
Fotos: Rapha Fotografia




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