Adiado o acordo salarial proposto pelo Sindicato dos Motoristas de Pará de Minas à concessionária Turi. A reunião aconteceu na manhã de ontem e serviu apenas para as partes firmarem um acordo em torno da nova data de discussão do assunto, que será em julho. Segundo o presidente do sindicato, Francisco Borges, não houve clima para a abordagem salarial diante dos grandes problemas que a Turi está enfrentando.
Além do surto de covid, a empresa está trabalhando no vermelho, por causa da queda brusca do número de passageiros. O transporte público já vem apresentando deficiência de caixa há muito tempo, mas essa situação ficou mais acentuada agora, com a pandemia. Dependendo do horário, os ônibus da Turi estão circulando praticamente vazios.
A empresa pediu mais dois meses de prazo na expectativa do retorno às aulas presenciais, que forçará o aumento de passageiros. Depois disso, ela voltará a conversar com o sindicato que representa os trabalhadores. Francisco Borges aceitou a proposta, entendendo que o momento é difícil para o setor. Ele confirmou que não pretende acionar a Justiça em busca do reajuste salarial, entendendo que um dissídio coletivo agora só complicaria o problema.
O sindicalista não deixa de reconhecer, no entanto, a enorme defasagem salarial da Turi, lembrando que na vizinha cidade de Itaúna, motoristas e trocadores ganham quase 30% mais. Ele tentou conseguir, pelo menos, um aumento no tíquet alimentação, mas nem isso a Turi concordou, alegando sérios problemas de caixa.
E o dia no Sindicato dos Motoristas foi de tristeza pela morte de Nelsinho da Turi, motorista que trabalhava na empresa há mais de 17 anos e morreu por complicações do coronavírus. Nelsinho Gonzaga da Silva tinha 65 anos e ficou hospitalizado durante quase três semanas.
Era um dos melhores funcionários da Turi e também fazia parte do Conselho Fiscal do sindicato. Durante uma semana todos os ônibus da concessionária circularão com uma tarja preta nos retrovisores, em homenagem póstuma ao motorista.
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