A luta dos pecuaristas de leite pelo fim da importação excessiva do produto tem conquistado a simpatia dos consumidores e até dos comerciantes. A mobilização da categoria já vem de meses.
O setor tem reclamado muito da inoperância do governo federal diante dos prejuízos. É que historicamente o volume nunca passou de 3% da produção nacional e agora já atingiu 11%.
No território mineiro a pressão também continua e, dias atrás, até motivou uma reunião dos produtores com representantes do Governo de Minas. A resposta foi rápida, informando que os laticínios que importarem leite perderão direito ao Regime Tributário Especial, que funciona como incentivo ao setor.
Com a medida, os laticínios que fizeram importação de lei em pó terão que pagar a cota completa de 18% do ICMS. O governador Romeu Zema disse que essa é uma forma de combater as desigualdades na concorrência, já que em outros países existe incentivo do governo, possibilitando preço mais baixo que o cobrado no Brasil.
Acontece que, mesmo favorecendo a categoria, esta medida isolada está longe de resolver o problema da pecuária brasileira, que há 22 meses testemunha o aumento expressivo na importação de leite. O risco dos produtores desistirem da produção, associado a uma eventual quebradeira geral, preocupa o mercado. No caso dos consumidores, o medo é pela alta dos preços.
E no caso da indústria e dos varejistas, o que tira o sono dos empresários é a possibilidade de desaparecimento dos clientes, porque produtores sem renda não movimentam as vendas nos estabelecimentos especializados. Essa consciência é tão forte que em todo o Brasil já é possível perceber faixas e cartazes na porta das lojas, além de mensagens nas redes sociais, todas favoráveis à valorização da pecuária nacional.
O movimento também ganha força em Pará de Minas e começa a ser manifestado nas lojas especializadas em artigos da pecuária. Um exemplo está na avenida Presidente Vargas, onde o comerciante Edward Ali Ganen tomou uma iniciativa que tem chamado atenção. Boa parte da vitrine da Parafértil, localizada da esquina da rua Raquel Ferreira, foi tomado por uma faixa com apoio ao movimento ‘Minas Grita pelo Leite’:
Edward Ali Ganen reconhece a importância da tributação mais elevada para os importadores de leite, mas diz que o governo precisa fazer mais:
E enquanto isso os pecuaristas estão com a atenção voltada para a Assembleia Legislativa de Minas, que já pode votar o projeto de lei que obriga os laticínios a informarem a origem do leite importado no rótulo de seus produtos.
De autoria do deputado Coronel Henrique (PL), a proposição tem o objetivo de manter o consumidor informado sobre a utilização de matéria-prima importada na fabricação de produtos lácteos.
Com essa informação, segundo o parlamentar, os consumidores poderão decidir pela compra de produtos do mercado leiteiro interno de Minas Gerais, haja vista que esses produtos tendem a conter menores quantidades de conservantes, por exigir menor tempo para o deslocamento entre o local de produção e o de consumo, fazendo com que os leites se tornem mais frescos e saudáveis.
A proposta já passou pelas comissões e está pronta para ir a plenário. Não há, porém, previsão de quando será colocada para votação.
Fotos: Germano Santos - Rádio Santa Cruz FM
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