Desde domingo que o principal assunto no município de Bom Despacho é a primeira etapa do Enem. Isso porque uma das 90 questões apresentadas aos mais de quatro milhões de candidatos foi sobre a Língua da Tabatinga, falada naquele município.
Por muito tempo ela foi estigmatizada devido à sua origem e à própria classe social de quem falava, no caso, meninos pobres vindos da Tabatinga ou de Cruz do Monte, como a periferia da cidade também é conhecida.
Os antigos também dão outra denominação, chamando-a de “língua dos engraxates”, porque muitos trabalhadores desse ofício conversavam nessa língua enquanto lustravam sapatos na Praça da Matriz.
A Língua da Tabatinga era utilizada por negros escravizados. Era uma espécie de linguagem secreta, um código para troca de informações de como conseguir alimentos ou então para planejar fugas de seus senhores, sem risco de serem descobertos.
O assunto foi apresentado na questão 12 da prova do Enem, em que era perguntado o motivo da preservação da Língua da Tabatinga. Os candidatos tinham cinco opções à sua escolha, sendo que a correta era a letra D, confirmando o motivo da preservação – um sentimento de identidade linguística que se consolidou.
O texto destacou que a língua é um legado afro-brasileiro a ser transmitido às futuras gerações. Moradores de Bom Despacho estão orgulhosos do aparecimento do município na prova e por todo lado a comunidade comenta o reconhecimento. A Língua da Tabatinga foi registrada como patrimônio imaterial do município, no ano passado, quando vários pesquisadores falaram do assunto.
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