Denúncias de que alguns estabelecimentos comerciais de Pará de Minas não tiraram das gôndolas as cervejas com rótulo da Backer chegaram à Vigilância em Saúde e ao Procon, que vão intensificar a fiscalização. Por determinação do Ministério da Agricultura, a venda desses produtos está suspensa até que sejam concluídas as investigações sobre a contaminação da bebida por uma substância química.
Já são 10 os rótulos contaminados pelo dietilenoglicol. Das 19 pessoas que apresentaram reações mais fortes, quatro morreram e as outras continuam em estado de saúde delicado. Na fábrica da Backer, em Belo Horizonte, 500 mil litros de cerveja estão parados dentro dos tanques lacrados. Nenhuma garrafa pode ser vendida. A fábrica tem 70 tanques de fermentação e 140 funcionários diretos, que se revezam trabalhando 24 horas por dia.
Por causa dos lacres, ninguém pode andar pela linha de produção. A empresa produziu no ano passado 5 milhões de litros de cerveja para suas 18 marcas. A Belorizontina representava 70% das vendas. Estudos mostram que, desde os anos 30, a substância já provocou a morte de pelo menos seiscentas pessoas no mundo. Conhecida popularmente pelo nome de anticongelante, ela chega ao fígado e é quebrada em outras substâncias, causando danos ao organismo.
Os primeiros sintomas são náuseas, vômitos e até pode surgir um quadro de hepatite. Entre um a três dias após a ingestão, os rins são afetados. Surgem também lesões renais, forçando menos urina que o normal. De 5 a 10 dias os movimentos no rosto são afetados. As investigações sobre a contaminação na cervejaria Backer também provocaram uma manifestação da Abracerva – a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal. A entidade congrega mais de duzentas cervejarias espalhadas pelo país.
Segundo pesquisa feita por ela, apenas 1,5% das empresas utiliza a substância monoetilenoglicol nos processos de resfriamento da bebida. Essa é outra substância da família glicol que quando misturada ao outro produto fica mais forte. A Abracerva já recomendou a todas as suas associadas que substituam o componente em seus processos de fabricação.
O presidente da associação, Carlo Lapolli, afirmou também que o consumidor pode continuar apoiando e bebendo as cervejas de outras fábricas. Ele diz que o caso da Backer é inédito no mercado, por isso o que aconteceu em Minas Gerais é uma exceção absoluta e não pode prejudicar um setor ascendente e impactante como o cervejeiro.