Faz exatamente uma semana que a vida começou a mudar por aqui. Foi na última sexta-feira que a Prefeitura de Pará de Minas baixou decreto determinando o fechamento do comércio, das escolas e de muitos outros serviços pelo prazo de 10 dias. Horas depois veio o decreto do governador Romeu Zema, invalidando a medida da prefeitura, e determinando o isolamento social pelo prazo de duas semanas contados a partir de 23 de março.
Ainda não chegamos à metade desse prazo e o que se vê na cidade são comerciantes desesperados com as contas para pagar e, ao mesmo tempo, revoltados com a falta de padronização das proibições.Segundo denúncias dos próprios consumidores, nos bairros muitos comerciantes estão trabalhando quase que normalmente, depois que perceberam a falta de fiscalização.
Já no centro da cidade as portas continuam baixadas, mesmo assim um e outro setor tem mantido o atendimento na porta ou levado o produto até a casa do cliente para segurar alguma venda. A apreensão do varejo é tamanha que o clima tenso já se instalou nos diversos grupos de WhatsApp. Os comerciantes estão divididos em dois grupos – de um lado os que defendem a reabertura urgente e do outro os que apoiam a necessidade de alguns dias a mais.
É nesse tom que as discussões acaloradas se arrastam o dia todo. Os que defendem a volta imediata ao trabalho, questionam o funcionamento quase que normal do setor de alimentos, perguntando se nesses ambientes também não é possível transmitir o vírus.Eles alegam que também poderiam adotar medidas de prevenção e controle do acesso de pessoas.
Da outra parte, a defesa da vida é o argumento mais forte, pois se a prevenção for desmontada o Brasil correrá o risco de enfrentar tragédias como as da China, da Itália e da Espanha. Agora, numa questão os comerciantes são unânimes. As medidas anunciadas até agora, tanto pelo governo federal como estadual, são tímidas diante dos estragos que o coronavírus está fazendo na economia nacional.
Eles vão precisar de suporte financeiro para pagar impostos, alugueis, manter funcionários e ainda torcer pela volta dos consumidores.A Prefeitura de Pará de Minas tem recebido muitos apelos em favor da reabertura do comércio, mesmo que seja com jornada menor. No entanto, por se tratar de decreto estadual ela não tem poder de mudar a norma.
A situação vista por aqui é a mesma em todas as cidades mineiras e na medida em que a pressão em cima do governo estadual aumenta, a expectativa de outro decreto também cresce. Seria de um enxugamento do número de dias do isolamento social.
Foto: Gilmar
