Nem coronavírus, nem isolamento social ou desemprego em massa, como resultados da pandemia. O assunto do Brasil nessas últimas 24 horas é a saída do ex-juiz federal Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Na verdade o assunto já vinha circulando desde quinta-feira, a imprensa inclusive foi acusada de “criar fatos” até que Moro convocou uma coletiva ontem e deu desfecho na questão.
A saída de Moro começou a ser noticiada quando ele foi avisado pelo presidente Bolsonaro sobre a troca de comando na Polícia Federal. O presidente queria a exoneração de Maurício Valeixo, para colocar no lugar dele alguém com quem pudesse ter contato pessoal, para colher informações.
O ex-juiz disse que foi surpreendido pela publicação no Diário Oficial com a demissão de Valeixo. Segundo Moro, desde o ano passado o comandante da PF estava sendo pressionado pelo presidente a deixar a função, sem nenhum motivo aparente e aí Valeixo realmente passou a não esconder que estaria cansado, mas cansado das abordagens incorretas do presidente.
Moro também reclamou de interferência política, afirmando que é um codinome para “não quero a Polícia Federal investigando meus filhos e meu governo”. Ele também citou outras acusações graves que a Procuradoria Geral da República já anunciou que vai investigar.
À tarde, o presidente Bolsonaro se apresentou para uma coletiva, acompanhado de praticamente todos os seus ministros. Na maior parte da fala, que durou mais de 40 minutos, ele deu conotação emocional e familiar, mostrando sua visível insatisfação com o fato da PF não ter acelerado investigações de processos que gostaria que fossem mais rápidos, envolvendo ele e os filhos.
Também criticou o “ego” de Moro, dizendo por duas vezes que admirar uma pessoa é uma coisa, trabalhar com ela é outra. O presidente ainda citou várias vezes que o direito de nomear o chefe da PF é dele. E também fez uma acusação pesada, dizendo que Moro teria pedido a presença de Valeixo até novembro, quando esperava ser nomeado para a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF).
O bate-rebate da saída de Moro certamente continuará sendo o assunto do fim de semana, inclusive com novas versões que têm provocado debates acalorados, não só entre políticos mas nas ruas e nas redes sociais. No Congresso Nacional, claro, a demissão de Moro também caiu como uma bomba, segundo informou o deputado Eduardo Barbosa. A pedido do Jornal da Manhã, ele faz uma análise de como está o clima político em Brasília:
E sobre a fala do presidente Bolsonaro, o deputado fez a seguinte avaliação:
Houve panelaço ontem à noite no centro de Pará de Minas e em alguns bairros, caso do São Francisco e do Nossa Senhora das Graças. Os desdobramentos do caso continuam com muita repercussão, principalmente em torno das provas que o ex-juiz Moro apresentou de conversas por WhatsApp, desmontando as acusações feitas a ele pelo presidente Bolsonaro.
Foto: commons.wikimedia.org/Arquivo Rádio Santa Cruz FM