Conforme o Jornal da Manhã informou em sua edição anterior, as discussões em torno do projeto de lei que denomina de Padre Libério o complexo de saúde inaugurado recentemente na extensão da UPA, foi o assunto de destaque na reunião da Câmara Municipal na noite de segunda-feira. E as discussões ainda vão render na semana que vem, já que os vereadores decidiram adiar a votação.
Existem dois pontos polêmicos no projeto, sendo o primeiro deles a denominação. O prédio de saúde, que tem 8.000 metros quadrados de área construída no bairro Senador Valadares, já recebeu nomes em duas alas e a Prefeitura de Pará de Minas anunciou que é na terceira que será utilizado o nome de Padre Libério. Os vereadores querem ter certeza de que as duas homenagens anteriores não serão retiradas.
Já o pivô da outra divergência é maior, pois se trata da funcionalidade do novo espaço. O prefeito Elias Diniz anunciou, por várias vezes, que entrou em funcionamento um hospital municipal-dia, ou seja, com atendimento diário de 12 horas, embora pelo acesso da UPA a entrada seja garantida 24h.
Essa versão é contestada tanto por médicos como pelos vereadores e esquentou os debates na Câmara. Vários deles fizeram críticas ao prefeito, partindo do princípio de que ele não foi transparente nas informações que repassou à opinião pública. Na opinião de Carlinhos do Queijo e Leandro Alves, por exemplo, o correto seria anunciar que o município ganhou um hospital de campanha, à semelhança dos que foram montados no Brasil para atender pacientes com coronavírus:
O vereador Rodrigo Varela, depois de fazer uma pesquisa sobre a constituição de hospitais no Brasil, foi firme ao declarar que Pará de Minas não ganhou um hospital municipal:
Já Doutor Ênio Talma Rezende, que além de vereador é médico, afirmou que as declarações do prefeito Elias Diniz soaram como politiqueiras. Ao mesmo tempo ele parabenizou a transparência do secretário de Saúde, Wagner Magesty, que é sempre muito franco com as pessoas:
O vereador Marcus Vinícius Faria, o Marcão, concordou com Dr. Ênio afirmando que esse não pode ser assunto para campanha eleitoral:
O presidente da Câmara, Marcílio Souza, reconheceu que a insatisfação dos vereadores diante da situação é muito grande:
E o secretário de Saúde fez jus aos elogios da transparência, confirmando que a área que entrou em funcionamento, dias atrás, não abriga ainda um hospital. Wagner Magesty definiu o espaço como Unidade Sentinela:
Diante do impasse, o prefeito Elias Diniz acabou admitindo que não inaugurou um hospital municipal:
Todos os vereadores assinaram requerimento apresentado por Rodrigo Varela, pedindo informações detalhadas sobre o projeto em questão. Eles esperam respostas ainda nesta semana. A Câmara quer conhecer toda a proposta do serviço de saúde em funcionamento, até mesmo para definir de que maneira ele será chamado. Existe uma unanimidade na casa: por enquanto, hospital municipal é um nome que não condiz com a realidade.
Foto: Amilton Maciel/Rádio Santa Cruz FM
