A greve dos caminhoneiros começou a tomar forma a zero hora desta segunda-feira mas, ao contrário do movimento anterior, ela começou com poucos pontos de paralisação. Em Minas Gerais, por exemplo, a paralisação é pequena e acontece nesse momento na MG 050, próximo a Divinópolis, e na BR 116, divisa de Minas com Bahia.
Nos outros estados, a paralisação também é pequena. Mesmo assim, a expectativa da Associação Nacional do Transporte Autônomo é que 70% da categoria participem da greve em todos os estados do país Se os números se confirmarem e forem crescendo, como espera a entidade, até quinta-feira a greve já terá mais de um milhão de adeptos.
A categoria reivindica melhores condições de trabalho, protesta contra o aumento do preço do combustível, o marco regulatório, mais conhecido por BR do Mar, e cobra direito a aposentadoria especial, entre outras pautas. No entanto, o reconhecimento de que uma greve com a mesma força da paralisação de 2018 traria prejuízos incalculáveis para o país está dividindo os caminhoneiros.
As manifestações são bastante divergentes. Entre os que sugerem a não continuidade da greve está o caminhoneiro Paulo Espíndola. Ele acredita que o movimento tenha conotação política e não aceita a possibilidade da categoria estar sendo usada como massa de manobra:
O presidente do Sindicato dos Motoristas de Pará de Minas, Francisco Ferreira Borges, também não acredita no êxito da greve. Na opinião dele a paralisação vai fracassar pela impropriedade do momento:
O sindicalista se mostra muito preocupado diante da perspectiva dos prejuízos que a greve poderá trazer ao país:
No sábado, o presidente Bolsonaro voltou a pedir que os caminhoneiros não fizessem a paralisação. Disse que não interfere na Petrobras e que teria conversado com o ministro Paulo Guedes em busca do orçamento necessário para zerar o PIS/Confins do diesel. Já o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, minimizou o movimento grevista, dizendo que não terá apoio das empresas de transporte, nem dos principais sindicatos da categoria.
No áudio de uma conversa do ministro com uma liderança dos caminhoneiros que está circulando nos grupos de WhatsApp Freitas afirma não ter possibilidade de atender alguns dos principais pedidos do segmento, no caso a redução de cobrança do Pis e Confins sobre o diesel e o aumento da tabela de fretes.
Mas o ministro destacou algumas ações que vem tomando, na tentativa de melhorar as condições de trabalho e reduzir os custos dos caminhoneiros. Uma delas é a revisão das normas de pesagem, com a criação de postos de parada. Segundo ele, as novas concessões de rodovias terão obrigação de ter postos de parada operados pelas empresas e isso será incluído nos preços de tarifa de pedágio.
Em 2018, no governo do ex-presidente Michel Temer, a greve dos caminhoneiros durou dez dias, afetando o sistema de distribuição em todo o país. Dessa vez a situação é pior, devido à pandemia da covid-19 que tem causado graves impactos na economia nacional e na vida das pessoas. A orientação das entidades que estão no comando da greve é que as pistas não sejam totalmente interditadas e que ônibus, caminhões com insumos hospitalares e os que têm carga viva tenham livre passagem.
Foto: Amilton Maciel/Rádio Santa Cruz FM