Já está nas mãos do Ministério Público de Pará de Minas o documento em que os moradores de Meireles listam as reivindicações da comunidade para as reparações e compensações dos prejuízos causados pela tragédia de Brumadinho, em 2019. Meireles foi uma das comunidades mais prejudicadas com a poluição do Rio Paraopeba e ainda precisou conviver com alguns canteiros de obras montados pelas terceirizadas da mineradora Vale.
Acompanhando as negociações de reparo entre o Ministério Público e a Vale, decorrentes da multa pelo atraso na entrega da adutora do Rio Pará, os moradores entendem que Meireles tem direito a uma fatia do valor estimado em pouco mais de R$21 milhões. No ofício endereçado aos promotores Delano Azevêdo, do Meio Ambiente, e Charles França Salomão, da Vara Cível, a comunidade pede a defesa dos interesses legítimos decorrentes de danos imensuráveis.
A recomposição integral do calçamento afetado no povoado ocupa o primeiro lugar na lista. Ele foi removido para colocação de dutos e recolocados de forma inadequada pela empresa Bueno Engenharia, terceirizada da mineradora. Além da recomposição os moradores pedem, como ação compensatória, o calçamento das demais ruas.
Em segundo lugar aparece a manutenção da estrada de acesso à comunidade, a partir da BR 262 sentido à estrada do Caracol, que começa no bairro Dona Flor. Muito danificada pelo tráfego de caminhões, máquinas pesadas e outros veículos usados pela Bueno, ela está em péssimo estado. A recuperação pretendida pela comunidade passa pelo calçamento ou asfaltamento dela.
O povoado também quer a reforma da Escola Municipal Marechal Deodoro, que apresenta problemas de estrutura que podem ser resolvidos com manutenção geral do prédio, além de outras intervenções como é o caso da reforma da quadra de esportes. A reforma do posto de saúde é outro item da relação de obras pleiteadas, já que ele possui estrutura modesta e totalmente inadequada para a promoção de ações primárias e de saúde.
Em seguida aparece o pedido de reforma da praça e a criação de uma feira comunitária, onde os moradores teriam a oportunidade de expor e vender verduras, queijos, biscoitos, conservas, artesanato e outros produtos que possam atrair consumidores. E por último os moradores de Meireles defendem a construção de um velório, já que os mortos são velados no salão paroquial ou na residência de familiares.
O local do velório está, inclusive, pré-definido e ficaria ao lado do pequeno cemitério. As obras pretendidas já foram calculadas em aproximadamente 5% do total possível da multa, o que daria pouco mais de R$1 milhão. Mas a comunidade trabalha com situações alternativas. O empresário Rodrigo Campos, que nasceu no povoado e possui uma casa de campo lá, está apoiando a causa e falou conosco por telefone:
Rodrigo Campos também deixou claro que a definição das obras pretendidas é fruto de uma reflexão madura da comunidade:
Ele disse também que a comunidade tem a expectativa de receber todas as obras, mas está aberta a negociações:
O Ministério Público ainda não se pronunciou, até mesmo pelo fato de ser um assunto complexo demais para uma manifestação tão rápida.
Fotos: Arquivo Pessoal e Arquivo/Rádio Santa Cruz FM