Transportadores de combustíveis e derivados de petróleo de Minas Gerais mantém a suspensão das atividades. A ação ocorre em protesto contra o ICMS dos combustíveis no Estado e os altos preços da gasolina, do álcool e do diesel, praticados pela Petrobras. Durante todo o dia de ontem todas as transportadoras ficaram paradas, num total de cerca de 800 caminhões.
Os motoristas ficaram concentrados nas portarias da BR Distribuidora, ao lado da Refinaria Gabriel Passos, e das principais distribuidoras de Betim. Os reflexos da paralisação começaram a aparecer no final da tarde, com o desabastecimento de alguns postos em Belo Horizonte e na região metropolitana. À noite a situação piorou com filas enormes nos postos, reflexo do medo dos motoristas ficarem sem combustível.
Em Pará de Minas, nos 14 estabelecimentos do ramo o abastecimento continua normal, mas os proprietários temem a falta do combustível a partir de amanhã ou mesmo no fim da tarde de hoje, se a greve continuar. A conduta dos motoristas também pode esvaziar o estoque mais depressa. É que muitos deles, além de encher o tanque, estão levando galões como reserva, alegando que têm outros veículos em casa para abastecer.
O Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sinditanque) informou que a paralisação "continua por tempo indeterminado, até que os governos federal e estadual abram negociação com o setor." O Sinditanque também cobra o governo de Minas por redução do ICMS.
No entanto, o governo Zema garante que o imposto estadual não teve reajuste e que só pode baixar por decisão unânime de todas as secretarias estaduais de Fazenda. Já o presidente Bolsonaro anunciou que o governo pretende pagar um auxílio a cerca de 750 mil caminhoneiros para compensar o aumento do diesel.
Ao justificar a intenção, ele disse que o governo fará isso porque é através da categoria que as mercadorias e os alimentos chegam aos quatro cantos do país. Bolsonaro voltou a lembrar que o preço do combustível lá fora está o dobro do Brasil, portanto o estrangulamento não está sendo causado pelo seu governo.
O anúncio do presidente foi mal recebido. A direção da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores definiu o pronunciamento de Bolsonaro como uma piada de mau gosto. Segundo a entidade, o caminhoneiro não quer esmola, ele quer é dignidade e os compromissos que foram assumidos e até hoje não saíram do papel. Lideranças nacionais da categoria querem algo concreto e não cortina de fumaça.
Frustrada porque venceu o prazo de 15 dias para o governo apresentar algo concreto, a associação confirma a intenção da paralisação nacional a partir de 1º de novembro. A ameaça da falta de combustível e os sucessivos aumentos de preço promovidos pela Petrobras são as principais queixas do setor, que se diz à beira do abismo.
A má repercussão do anúncio do bolsa caminhoneiro também aconteceu no próprio governo. Um ministro da alta cúpula afirmou que o lançamento foi mal recebido pelo setor e por todos os agentes econômicos pela ausência de detalhes, por exemplo, de onde sairia o dinheiro.
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