A massa trabalhadora não teve motivos para comemorar ontem o Dia do Consumidor. Foi uma data marcada muito mais pelos protestos sobre o custo de vida do que pelas conquistas, a respeito das leis que protegem as transações comerciais.
O Jornal da Manhã foi às ruas e ouviu inúmeras queixas sobre a dificuldade das pessoas em manter as despesas de casa. Tarifas públicas nas alturas, preços dos alimentos na disparada e a desilusão dos que não acreditam em mudança de cenário em curto prazo.
Segundo os depoimentos, o que mais aflige os consumidores é a dificuldade de colocar comida de qualidade na mesa. As famílias de baixa renda são as que mais sofrem e estão cortando tudo, mudando até o jeito de cozinhar.
Assustadas com os preços dos legumes, verduras e frutas elas têm reduzido ao máximo as compras semanais. As pesquisas de preços e a busca por ofertas nunca foram tão importantes como agora.
Virou frase comum nas ruas ouvir os consumidores lamentar que a muito tempo não compram os alimentos que mais gostam. O dinheiro mal dá para aqueles que apresentam menores preços e que estão em promoção.
Além de reclamar nos supermercados e nos sacolões, os consumidores aproveitaram o 15 de março para esclarecer dúvidas junto ao projeto Procon na Praça, que montou uma banca de atendimento na Praça Padre José Pereira Coelho. Durante todo o dia, advogados do órgão atenderam várias pessoas. O balanço foi apresentado no final do expediente pelo coordenador Bruno Souza:
Tantas reclamações assim podem ser explicadas facilmente. As dificuldades econômicas estão sendo enfrentadas pelos brasileiros em todas as regiões do país. Os trabalhadores nunca estiveram tão endividados como agora. A avaliação geral é pessimista e a grande maioria considera a situação do país muito ruim. Os mineiros também não escaparam do endividamento.
Segundo dados divulgados pela Serasa, atualmente quase seis milhões e meio de pessoas estão inadimplentes em Minas Gerais, o maior número em três anos. O levantamento mostra que 38% da população com mais de 18 anos têm ao menos um débito em aberto e eles são referentes às despesas diárias, como luz, cartão de crédito e água.
A pandemia, que agravou a situação financeira de muitas famílias, influenciou no aumento da inadimplência no Estado. Os dados mostram que houve um aumento médio de R$ 200,00 nas dívidas em dois anos.
A divulgação do levantamento da Serasa acontece em meio ao Feirão Limpa Nome, criado para auxiliar os brasileiros a negociar e quitar suas dívidas. A campanha se estenderá até 31 de março.
Nesta etapa, são cerca de 33 milhões de dívidas abertas a negociação, e segundo a Serasa, mais da metade pode ser paga por até R$ 100. Para isso, basta acessar os canais oficiais da empresa e conferir se há dívidas com oferta de negociação.
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