Cumprindo determinação do governo federal o Aeroporto Carlos Prates fechou definitivamente no último sábado, com mais de cem aeronaves sem ter pra onde ir.São aviões de pequeno porte – com quatro a seis lugares para tripulantes e passageiros – que continuam nos hangares, segundo informação da Associação Voa Prates, formada por pilotos, empresários e outros profissionais que exercem atividades no aeródromo.
O aeroporto da Pampulha, que também fica na capital mineira, recebeu cerca de 15 aviões que estavam no Prates e ficou com a capacidade esgotada. Sabe-se também que uma pequena parte dos aviões – cerca de 9 – virá para o aeroporto de Pará de Minas nestes próximos dias, e o nome da cidade aparece entre os favoritos para receber outros.
Ontem aconteceu uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas, promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico. O plenário ficou lotado por funcionários, empresários e pilotos ligados ao aeroporto.
Eles alegaram que cerca de 500 pessoas ficarão desempregadas, 15 empresas deixarão de existir, cinco escolas vão interromper suas aulas e centenas de alunos não poderão retomar seus estudos se as atividades no local forem encerradas.
O deputado estadual Coronel Henrique participou da audiência e pediu várias vezes que o assunto tenha desdobramentos porque a história não pode morrer de uma hora para outra, já que o Carlos Prates tem quase 80 anos e foi instalado em uma área onde não tinha nenhuma residência no entorno.
O representante do governo de Minas foi o subsecretário de Transportes e Mobilidade da Secretaria Estadual de Infraestrutura. Aaron Duarte Dalla disse que a gestão de Romeu Zema respeita a decisão do governo federal.Como alternativa ele apresentou quatro cidades com capacidade de absorver parte dos voos – Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Cláudio e Pará de Minas.
O prefeito Elias Diniz mantém o posicionamento de aceitar a nova realidade, desde que ela seja estudada com muita responsabilidade e sensatez. Elias garantiu que vai pesar muito na sua decisão a certeza de que o município realmente terá ganhos com isso.
Por sua vez, o Ministério de Portos e Aeroportos informou que está cuidando para que o impasse envolvendo as aeronaves seja resolvido. O órgão informou também que não há intenção de impedir decolagens, uma vez que o fechamento é apenas para pousos.
Já a Prefeitura de Belo Horizonte mantém o interesse de ocupar a área desativada com a implantação de um conjunto habitacional, mas ainda não recebeu autorização.No momento, o que a prefeitura está fazendo é desmentir os boatos de que um grande conjunto habitacional no local colocaria em risco pedestres e motoristas na região do anel viário de Belo Horizonte.
O prefeito da capital, Fuad Noman, explicou que isso não acontecerá porque a área não poderá ser totalmente ocupada por moradias, uma vez que o Plano Diretor da cidade tem regras de restrição ao adensamento habitacional do local.
O clima entre os profissionais que trabalhavam no Carlos Prates é de pura desolação. Sem perspectivas de trabalho na área, mais de 500 profissionais não sabem o que fazer a partir de agora. E com a dificuldade de esvaziamento do local, existe o temor de que aconteçam furtos de maquinário caríssimo.
Os únicos felizes com a situação continuam sendo os moradores dos arredores do Carlos Prates. Há muitos anos ele conviviam com o perigo e hoje se sentem aliviados, acreditando que nunca mais haverá queda de avião por lá.
FOTO: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA