A campanha Outubro Rosa, criada para alertar as mulheres sobre a importância da prevenção do câncer de mama, chega ao fim hoje com uma triste estatística. No Brasil, 70% das mulheres diagnosticadas com câncer são abandonadas por seus parceiros. O dado foi divulgado pela Sociedade Brasileira de Mastologia. A estatística ganha voz a partir das histórias que chegam diariamente aos consultórios médicos. E elas são realmente muito tristes, dificultando todo o processo de recuperação da paciente.
Entre os casos mais comoventes está o de uma paciente que, logo após ser diagnosticada com o câncer de mama, ligou para o marido. Mais tarde, quando ela voltou para casa percebeu que ele tinha trocado as chaves. Questionando a atitude do marido, ouviu dele uma declaração inesperada: “Você acha que eu vou continuar convivendo com uma mulher aleijada?”.
Já em outras situações, a separação veio junto com os efeitos da quimioterapia. Os maridos se queixavam da ausência dos cabelos e decretavam o fim do relacionamento. Mesmo convivendo diariamente com essas situações, especialistas na área não se acostumam com a realidade, tamanha a crueldade dela porque os impactos do abandono do parceiro vão muito além do emocional e chegam a comprometer a saúde da paciente.
A médica Vanir Oliveira explica que o tratamento oncológico não é só tomar quimioterapia, ele envolve todo o lado psicossocial, incluindo a rede de apoio. Muitas vezes, a mulher fica tão fragilizada com o fim do relacionamento, que chega a abandonar o tratamento. Em outras situações, o sofrimento psíquico faz com que ela adie a sessão de quimio em três ou quatro meses e aí o câncer já pode ter evoluído. O abandono do companheiro também pode agravar o quadro clínico, diminuindo a imunidade e a resposta ao tratamento fica pior.
A Sociedade Brasileira de Mastologia também lamenta o preconceito das pessoas. Quando a mulher deixa de cumprir seus papeis, ela perde o valor devido. Mesmo que temporariamente, ela perde a produtividade e não consegue cuidar dos filhos, além de perder a autonomia. Para os especialistas, situações de abandono como as que citamos e tantas outras são vergonhosas e até desumanas, porque o enfrentamento à doença precisa de amor e companheirismo para a recuperação.
O câncer de mama é o segundo tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer – Inca. Só para este ano, a estimativa é que haja mais de 70 mil novos casos.
Aqui em Pará de Minas aconteceram várias mobilizações em torno do outubro Rosa, tanto por parte do poder público como das empresas da iniciativa privada. E o evento que vai fechar a programação será um seminário, realizado pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com a Associação de Combate ao Câncer (ABRACCO). A programação será constituída por palestras e a divulgação de várias informações. O seminário será realizado no auditório da Fapam, das 19h às 22h. Entrada franca.
Foto Ilustrativa: Reprodução pixabay.com
