Depois de horas de desespero, a jovem paraminense Vitória Dandara Dutra Barbosa, de 19 anos, agora vive momentos de alívio e esperança.
Há menos de 15 dias, ela, o namorado Mateus de Jesus dos Santos e a mãe Valdirene Gonçalves Dutra, estavam lutando para sair do apartamento onde viviam no bairro Humaitá, em Porto Alegre, em meio a pior catástrofe do Rio Grande do Sul.
A situação era ainda mais grave porque Vitória só tem 17% da capacidade pulmonar e precisa de um concentrador de oxigênio 24 horas por dia para respirar. A insuficiência respiratória é provocada por bronquiectasia difusa nos dois pulmões, resultado de sequelas de bronquiolite e pneumonia que não foram tratadas ao longo da vida.
No dia 4 de maio, por volta de 16h, a água invadiu o condomínio onde Vitória morava e a família precisou deixar o apartamento. Deu tempo apenas de pegar três peças de roupa, o aparelho de oxigênio, remédios e documentos.
Vitória estava em Porto Alegre há pouco mais de um ano à espera de um transplante de pulmões, já que o procedimento é feito somente na cidade gaúcha e em São Paulo. Ela morava há pouco tempo no bairro Humaitá, a poucos metros da Arena do Grêmio, uma das áreas mais afetadas pelas enchentes.
Um dos momentos mais desesperadores foi quando ela, após ser deixada em um viaduto, seguiu para a parte alta da capital gaúcha. Como precisou fazer um trajeto a pé, aos poucos foi perdendo o ar.
Na casa da amiga, outra situação grave: a energia acabou e Vitória teve que passar a noite sem o concentrador de oxigênio. No dia seguinte foi para o hospital, onde ficou até sair de Porto Alegre, decisão recomendada por profissionais de saúde.
Através de uma ação da Defesa Civil Gaúcha e das secretarias de Saúde e de Assistência e Desenvolvimento Social de Pará de Minas, ela e a mãe foram transportadas até Canoas, onde pegaram um voo para o Rio de Janeiro e da capital fluminense foram trazidas para cá.
Viitória ainda precisa do transplante dos pulmões e está recebendo assistência da rede pública de saúde, mas sabe que terá que voltar para o Sul.
O Jornal da Manhã também conversou com a mãe dela, Valdirene Dutra, que ainda não sabe o que aconteceu com o apartamento onde moravam, mas acredita que perdeu tudo que estava nele.
Mateus, namorado de Vitória, ficou mais alguns dias em Porto Alegre ajudando no resgate e ajuda aos desabrigados, mas já está de volta a Pará de Minas. Quem quiser ajudar Vitória, já que ela terá que voltar para o Sul para seguir o tratamento, pode entrar em contato pelo WhatsApp (37) 99823-7391.
Ao final da entrevista, Vitória ainda fez um pedido à população paraminense: não coloquem fogo em vegetação. Segundo ela, a fumaça agrava de maneira significativa a sua situação de saúde. Na última quinta-feira, por exemplo, por causa de um incêndio em uma aérea próxima a sua casa, no Seringueiras, ela passou muito mal.
Fotos: Germano Santos/Rádio Santa Cruz FM e Arquivo Pessoal (Vitória)