O sindicato que representa os trabalhadores da Santanense em Itaúna reuniu seus associados para discutir uma proposta de rescisão direta coletiva. A medida foi sugerida como forma de cobrar judicialmente a garantia dos salários atrasados, além dos benefícios não pagos durante os últimos cinco meses e os demais direitos trabalhistas.
A reunião teve a participação de 200 dos 687 funcionários da unidade de Itaúna. Já o representante do Ministério do Trabalho, Carlos Calazans, não compareceu, alegando problema de última hora. No entanto, ele informou que continua negociando com a direção da empresa e prometeu agendar novo encontro nos próximos dias, com o objetivo de orientar os trabalhadores sobre o encaminhamento da regularização dos direitos trabalhistas.
Está sendo defendido o ingresso de uma ação coletiva contra a Santanense, a fim de bloquear os bens e agilizar o pagamento das dívidas. O sindicato ficará responsável pelo levantamento do valor que cada trabalhador tem a receber. No entanto, segundo informações, a maioria dos trabalhadores não aprovou a rescisão proposta pelo sindicato.
E essa postura tem a ver com a insegurança da aprovação do Plano de Ação da Recuperação Judicial da empresa. Somente a partir da aprovação dele é que a Santanense terá 30 dias para pagar os funcionários, por serem os credores principais. Durante esse processo, a empresa será obrigada a manter os salários em dia, mesmo daqueles que não estiverem trabalhando.
Mas como ainda não existe certeza de nada, exatamente porque o Plano de Recuperação ainda não foi assinado, por enquanto as conversações serão paralelas. A situação em Pará de Minas é semelhante. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis, Neuler Ribeiro, tem informado aos trabalhadores que é preciso aguardar as próximas decisões da Santanense antes de qualquer medida.
E deixa claro, que com a aprovação do Plano de Recuperação a medida será uma, mas sem ela outros passos serão tomados. Vários dos 90 trabalhadores da unidade de Pará de Minas têm pedido demissão. Eles estão sem receber salários desde dezembro e metade do vale-alimentação está atrasado ao longo desse período. Essa situação é a mesma da unidade de Itaúna.
Além dos transtornos financeiros, causados pela ausência dos pagamentos, os trabalhadores se mostram frustrados com o silêncio da empresa. Em nenhum momento, desde o início da crise, eles foram procurados por algum representante a fim de serem informados sobre a realidade da Santanense.
Foto: Reprodução Viu Itaúna