O número de crianças e adolescentes grávidas em Minas Gerais é assustador e essa situação se repete em Pará de Minas, segundo dados levantados pela Secretaria Municipal de Saúde a pedido do Jornal da Manhã. Em 2023, o estado teve 814 notificações de gravidez entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade e outras 21.614 entre 15 e 19 anos. Já o município de Pará de Minas registrou 92 casos de gravidez em meninas de 10 a 19 anos.
A situação persiste e no primeiro semestre deste ano, o município já teve 38 notificações. Foram dois casos de gravidez entre 10 e 14 anos e as demais na faixa que vai até os 19 anos. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde admite que esses dados se referem apenas aos casos informados oficialmente. Pode haver números maiores na rede particular e também aqueles que não foram informados, sem falar nos abortos realizados em clínicas clandestinas.
O Ambulatório Médico de Especialidades (AME) vem testemunhando o avanço dos casos de aborto, segundo informou a obstetra Lorena Domingues. Muitas adolescentes chegam lá com anemia grave, hemorragia, pressão muito baixa e em choque hipovolêmico (quando há uma hemorragia em que se perde muito sangue).
Além dos transtornos que costumam ser causados pela gravidez precoce, a questão da saúde também preocupa bastante, segundo a médica. É alto o risco de situações como a pré-eclampsia e a própria eclampsia, que podem tirar a vida da mãe e provocar o nascimento prematuro do bebê.
Doutora Lorena informa que essas complicações acontecem com frequência nesse tipo de gravidez, dificultando o manejo e o cuidado com a prematuridade da grávida. E existem ainda as dificuldades de assistência da família às meninas grávidas, muitas delas enfrentando o preconceito e procurando ajuda de forma tardia.
A médica Lorena Rodrigues defende que a educação sexual seja muito debatida em família, como forma de prevenção aos possíveis abusos que elas podem sofrer.