Pacientes e os próprios profissionais da área têm acompanhado com preocupação a queda de braços entre o Conselho Federal de Odontologia e o Conselho Regional de Minas Gerais, em torno das cirurgias estéticas. O embate ganhou repercussão depois que dentistas realizaram procedimentos que causaram sequelas graves. Uma delas, inclusive, provocou a morte de uma paciente.
O Conselho Federal investiga a situação, cobrando mais fiscalização por parte do Conselho Regional de Minas Gerais. A entidade também apura uma possível facilitação para a realização de procedimentos proibidos para a categoria, diante do aumento de pedidos de dentistas registrados em outros estados para trabalhar em Minas.
O conflito tem causado insegurança entre os pacientes, ao ponto de muitos perguntarem se um dentista pode mesmo realizar procedimentos estéticos. A resposta é sim, desde que estejam devidamente preparados para isso. O Jornal da Manhã conversou com o professor Marco Túlio de Souza, do Instituto de Biologia Oral (IBO). Com 43 anos de carreira, entre o atendimento clínico e o magistério – inclusive é professor titular da Universidade de Itaúna – ele também já atuou junto à diretoria dos Conselhos Federal e Regional de Odontologia.
Ponderado, ele afirma que não há motivo para preocupações, desde que os profissionais que têm diversificado seus atendimentos estejam devidamente preparados. O professor reconhece que como os procedimentos estéticos são recentes, sobretudo a harmonização facial, é natural que as dúvidas apareçam. Mas é preciso lembrar que o exercício destas atividades só pode acontecer, do ponto de vista legal, mediante a habilitação do profissional.
Uma resolução federal, publicada em 2020, assegura o direito da cirurgia estética a quem estiver preparado para essa demanda. Mas é importante ressaltar que, além da devida habilitação, o dentista precisa respeitar integralmente o código de ética e a lei nacional que rege a atividade profissional no Brasil.
E para aqueles pacientes que ainda questionam se um dentista tem mesmo habilidade suficiente para lidar com a estética, o professor Marco Túlio cita a formação profissional. Em universidades como a UFMG, por exemplo, até o quarto período, estudantes de medicina e odontologia estudam os mesmos conteúdos:
Marco Túlio de Souza
E mesmo depois de formados, muitos profissionais continuam trabalhando juntos, como acontece no Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte.
Marco Túlio de Souza
E para que o paciente fique tranquilo em relação ao procedimento, o professor Marco Túlio aconselha uma busca ativa de informações:
Marco Túlio de Souza
Os casos de irregularidades denunciadas continuam sendo investigados e são poucos. Agora, do outro lado da ponta, crescem bastante os procedimentos oro faciais, que caíram no gosto de quem sempre buscou mais beleza.