De olho nos ovos de Páscoa, os consumidores já perceberam que, além de mais caros e menores, eles estão trazendo menos chocolate neste ano. A raiz do problema está na crise global de abastecimento de cacau, afetando desde grandes marcas do mercado até produtores artesanais.
O Brasil é atualmente o sexto maior produtor do mundo, com uma média de 200 mil toneladas ao ano. Só que existe uma dependência de importação de cerca de 100 mil toneladas para abastecer a indústria brasileira.
No acumulado de 12 meses, o preço do chocolate em barra e do bombom subiu 14%, quase o dobro da inflação dos alimentos, que foi de 7,25%, no mesmo período. Esses índices refletem bem a média das altas, mas alguns itens essenciais para os fabricantes de ovos de Páscoa tiveram elevação muito superior. As barras grandes de chocolate, por exemplo, subiram quase 100%. Já com as barras pequenas, vendidas nos supermercados, as altas estão sendo repassadas aos poucos.
E diante de todos esses processos, todo mundo está buscando uma forma de diminuir a quantidade de chocolate utilizada. Algumas receitas passaram a incluir biscoito, enquanto outras encolheram. A tendência são os ovos de 50 gramas, aqueles do tamanho de um ovo de galinha mesmo.
A própria Associação Brasileira da Indústria de Alimentos já admitiu uma alta na casa de dois dígitos sobre os ovos de Páscoa. A indústria e os confeiteiros artesãos estão fazendo ginástica para que os preços consigam entrar no bolso do consumidor.
Moral da história: que a Páscoa vai vender ovos, a gente já sabe, afinal é uma tradição muito forte. Mas os consumidores já perceberam também que os comerciantes compraram menos quantidade e deram preferência para os ovos de menor tamanho.
Um ovo de 50 gramas, por exemplo, está custando 21,90 em média. De 80 gramas, em torno de R$26,00. Já o de 250 gramas, tem o preço médio de R$90,00. O de meio quilo está custando quase R$160,00 e por aí afora.
A alternativa, para muitos, será a compra de caixas de bombons ou chocolates em barra, mas até nessas opções os consumidores vão perceber a alta dos preços. Doce mesmo, só a expectativa da Páscoa, porque os preços estão de amargar.
Foto Ilustrativa: Arquivo Jornalismo/Rádio Santa Cruz FM