Motoristas da Turi deflagraram ontem à tarde em Pará de Minas, a Operação Tartaruga. É um protesto contra as más condições de trabalho e também contra uma medida tomada pela concessionária, considerada desrespeitosa pela categoria.
A insatisfação já vem de muito tempo, devido aos baixos salários pagos pela empresa. Mas a gota d’água aconteceu nesta quinta-feira quando a gerência da Turi informou que o vale, pago sempre no dia 20, seria dividido em duas parcelas. Como boa parte dos funcionários conta com esse dinheiro para despesas familiares, principalmente o aluguel, em questão de poucas horas eles organizaram o manifesto.
A comunicação foi feita através do grupo de WhatsApp dos motoristas e a Operação Tartaruga teve início às duas da tarde. A partir daquele horário, os ônibus passaram a circular com o pisca alerta ligado, rodando a 20 km por hora. Em algumas linhas, nos pontos finais, os motoristas ainda deixaram as portas abertas e permaneceram mais tempo que o habitual.
O resultado da manifestação começou a ser sentido menos de duas horas depois, com o grande atraso dos ônibus. Nos pontos os passageiros reclamavam da demora e não faltou quem ligasse para a Turi, registrando a insatisfação.
Decisão dos motoristas
O Jornal da Manhã ouviu alguns motoristas e eles disseram que trabalhar para a Turi está sendo desafiador. Primeiro, por causa dos salários, realmente baixos. Eles recebem R$2074,00 mais um tiquet alimentação de R$198,00. É a menor remuneração de toda a região.
A Turi também chegou a parcelar o 13º salário, o que contrariou bastante os motoristas. A insatisfação vem de muito tempo, uma vez que a empresa promete melhor remuneração mas nunca cumpre.
A Operação Tartaruga, segundo as fontes, deve continuar até que a concessionária atenda as reivindicações. Os motoristas não pensam em deflagrar uma greve por agora, entendendo que os prejuízos recairiam sobre os passageiros.
Além disso, para ser considerado um movimento legal, do ponto de vista jurídico, a greve precisaria ser articulada pelo sindicato que representa a classe e ele nem foi procurado ainda pelos motoristas.
A direção da Turi se mostrou surpresa com a reação deles. O Jornal da Manhã conversou com o gerente José Pires e, embora ele tenha admitido o atraso nos pagamentos, devido às dificuldades financeiras da empresa, negou qualquer paralisação no transporte da cidade:
Como os ônibus começaram a circular às cinco da manhã, a baixa velocidade desenvolvida pelos motoristas já começa a gerar problemas para os trabalhadores que dependem do transporte coletivo.
E a tendência é da situação piorar nas próximas horas, inclusive prejudicando o fluxo normal do trânsito de Pará de Minas. Os motoristas continuam irredutíveis, vão manter a Operação Tartaruga até a liberação integral do vale e a partir do mês que vem pensam em realizar uma greve, caso as condições de trabalho não melhorem. O Sindicato dos Rodoviários de Pará de Minas ainda não se manifestou.
Greve em Sete Lagoas
Há cerca de duas semanas o Jornal da Manhã noticiou uma paralisação do transporte coletivo em Sete Lagoas. Os motoristas da Turi naquela cidade cruzaram os braços em represália aos salários atrasados, assim como dos depósitos dos direitos trabalhistas. Os funcionários também reivindicavam melhores condições de trabalho.
A concessionária ofereceu apenas 3% de reajuste, enquanto o INPC que mede a inflação no Brasil ficou em 4,75%. Já os funcionários pediam um aumento de 8% e 9%, além de reajustes no vale-refeição e outros benefícios. O Sindicato dos Trabalhadores do Transporte já havia alertado sobre a possibilidade da paralisação, caso a empresa não resolvesse as pendências.
A greve em Sete Lagoas durou menos de 48 horas, diante de uma liminar do juiz Tiago Ferreira Barbosa, que determinou a retomada imediata das atividades, sob pena de multa diária no valor de R$100 mil, podendo chegar ao limite de R$3 milhões.
Fotos: Arquivo Jornalismo/Rádio Santa Cruz FM