Tema de grande relevância para a sociedade, os acidentes de trabalho voltaram a ser destaque com o Dia Nacional da Prevenção de Acidentes de Trabalho, lembrado neste mês.
A data reforça a importância da discussão de medidas de segurança, condições adequadas e proteção aos trabalhadores brasileiros, que ainda enfrentam riscos significativos no exercício de suas funções.
Somente no primeiro trimestre deste ano, Pará de Minas registrou 85 acidentes de trabalho graves, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. A maior parte das vítimas são homens, representando 77,01% dos casos. Já a faixa etária mais atingida foi entre 20 e 29 anos.
A profissão com maior número de ocorrências foi a de soldador, com 12 registros, o que corresponde a 13,96% dos casos. Em seguida aparecem os alimentadores de linha de produção, trabalhadores da avicultura de corte e magarefes. Os principais tipos de lesão são ferimentos em punhos e mãos, além de queimaduras e corrosões na região dos olhos.
De acordo com Pedro Tourinho, presidente da Fundacentro, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, apesar de o Brasil contar com legislação robusta sobre o tema, ela ainda é insuficiente para reduzir os índices de acidentes de forma significativa.
O Ministério do Trabalho confirmou que houve um aumento de 5,63% nas mortes por acidente de trabalho no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024.
Também houve um crescimento de quase 9% no número geral de ocorrências, considerando deslocamentos, acidentes típicos e casos mais difíceis de classificar, como doenças relacionadas ao ambiente e à carga de trabalho.
No entanto, apesar dos números alarmantes, ainda há uma grande subnotificação, principalmente em relação ao adoecimento mental, como ansiedade, depressão e burnout, cuja ligação com o trabalho é complexa e, muitas vezes, negligenciada.
Além do impacto direto na saúde e na vida dos trabalhadores e de suas famílias, os acidentes geram enormes prejuízos econômicos.
Essas ocorrências representam uma perda de até 4% do PIB nacional, equivalente a cerca de R$ 430 bilhões por ano. Entre 2018 e 2022, mais de 770 mil trabalhadores passaram a receber benefícios da Previdência por acidentes laborais, totalizando mais de R$ 54 bilhões em auxílios e pensões pagos pelo INSS.
Diante desse cenário, é fundamental que todos os acidentes sejam devidamente notificados. Essa é uma obrigação da empresa e um direito do trabalhador. Caso a notificação não ocorra, o profissional pode recorrer ao sindicato da categoria ou aos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador.
Fotos: Reprodução gov.br/fundacentro e Ilustrativa MatteoPhotoPro2020 (pixabay.com)