Aconteceu o que já era previsto. A desconfiança dos consumidores em relação à presença do arroz nas gôndolas dos supermercados provocou uma disparada na procura do produto e os estoques estão baixando rapidamente. Com medo do desabastecimento causado pelas enchentes do Rio Grande do Sul, grande parte dos consumidores ignorou a garantia dada pelo governo federal de que a importação do produto deve assegurar o abastecimento interno.
A corrida dos consumidores chegou a esgotar algumas prateleiras em um cenário que se repete em todo o país. E a segunda consequência também já aparece, com o aumento dos preços no varejo. Em Pará de Minas ainda não houve reajuste, mas ele já aconteceu em várias cidades da região, começando pela capital do estado. Lá os supermercados já subiram de 6% a 8% os preços do pacote de cinco quilos, de praticamente todas as marcas.
As redes supermercadistas em geral também estão reforçando o anúncio de que não vai faltar arroz, mas não recuaram na decisão de manter as vendas limitadas em cinco unidades por CPF, como determina o Código de Defesa do Consumidor. A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas também garante que não há cenário de desabastecimento, já que 80% da safra de arroz produzido no Rio Grande do Sul já foram colhidos.
Por sua vez, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) admite que as enchentes do Sul irão impactar a produção agrícola local, mas ainda é precipitado fazer qualquer previsão de quantitativo e de influências no abastecimento e nos produtos. No entanto, não se pode fechar os olhos para a realidade. O impacto da tragédia no Rio Grande do Sul também deverá impulsionar os preços dos derivados de milho, trigo, soja e uva.
O estado também é um dos maiores produtores de carne, especialmente suínos e aves, mas boa parte do plantel morreu. Outro setor que deverá ser muito afetado é o farmacológico, em especial medicamentos e produtos de beleza. Já a indústria automotiva terá impacto na produção de rodas, peças e maquinário agrícola. O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros que mais fazem exportação.
Aumenta o número de vítimas
Chegou a 147 o número de vítimas fatais em consequência dos temporais e das cheias que atingem o estado desde o final de abril. O boletim da Defesa Civil ainda contabiliza 127 desaparecidos e mais de 806 desabrigados.
O número de pessoas fora de casa subiu para quase 620 mil, sendo que 81 mil estão em abrigos e 538 mil em casa de amigos e parentes. A previsão do tempo aponta que a chuva deve perder força a partir de hoje.
Foto: Myrtes Pereira/Rádio Santa Cruz FM
