A indústria de móveis de Minas Gerais viu a luz de alerta acender no horizonte com a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. Apesar de não ser impactado diretamente, o setor está apreensivo com os acontecimentos dos últimos dias.
E os reflexos já são sentidos nas empresas de todos os tamanhos, inclusive aqui em Pará de Minas, onde o Jornal da Manhã conversou com vários empresários do ramo, entre eles, Leonardo Aparecido Oliveira, da Marcenaria União.
O primeiro impacto foi sentido nas placas de MDF, produto que é a base da confecção de móveis planejados e para o varejo. Em média, elas tiveram reajuste de 8%.
O Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira de Minas reage, afirmando que o encarecimento do produto ainda coincide com o reajuste salarial da categoria, complicando a vida dos empresários.
As fábricas de MDF têm uma corrente intensa de comércio com outros países, entre eles os Estados Unidos, que é o principal destino das exportações brasileiras de madeira e produtos derivados.
O aumento da matéria-prima também traz consequências para a movelaria que produz para o mercado nacional. Isso porque, além dos 8% do MDF, as marcenarias estão lidando com outros custos encarecidos desde o tarifaço. Leonardo Oliveira cita os principais:
As incertezas do mercado deixam os prestadores de serviços inseguros, o que dificulta um planejamento de maior prazo:
Agora, se em Minas Gerais o impacto é indireto, em nível nacional a indústria de madeira processada já está sendo afetada diretamente, inclusive, com muitos trabalhadores em férias coletivas e outros em processo de demissão.
Especialistas afirmam que a sobretaxa de 50% para as exportações brasileiras deixa o setor de madeira fora do jogo junto aos americanos. E essa perspectiva levou muitas empresas de reduzir a produção, cortando turnos.
A indústria de madeira no Brasil tem cerca de 180 mil empregos diretos e uma média de 50% da produção é destinada aos Estados Unidos. É esperar pra ver o que vai acontecer.
Fotos: Ronni Anderson/Rádio Santa Cruz FM