O Brasil está revivendo a expectativa daquela noite de Natal, no final da década de 80, que coincidiu com o último capítulo da novela, com quase 90% dos televisores ligados. Tantos anos depois e o público quer saber o nome do assassino de Odete Roitman, nesse remake de sucesso estrondoso…
O capítulo final desta noite alimenta conversas, especulações e muitos bolões de apostas. A lista oficial de suspeitos mantém o público em suspense, com personagens-chave da trama figurando como possíveis autores do crime. Se bem que muita gente acredita em outros e até mesmo na possibilidade de Odete ter forjado a própria morte.
Mas o fato é que esse suspense deve mesmo parar o Brasil mais uma vez. Aqui em Pará de Minas, bares e restaurantes entraram no clima, alugando telões, instalando televisores gigantes e criando apostas por todo lado.
Grupos de amigos também organizam encontros em casa, para curtir a noite e o final da novela. Pelas ruas da cidade a gente também encontrou muitos palpites por aí:
A razão de tanto sucesso tem muitas explicações, mas a Silvana Oliveira encontrou a melhor delas – boas histórias rendem ibopes espetaculares, ainda mais quando existe convergência dos meios de comunicação. Nesse caso, a tv e as redes sociais:
O fenômeno de audiência também impulsionou negócios: R$200 milhões em faturamento, o maior na história da emissora, 287 milhões de interações nas redes e 52% dos televisores ligados em noites de cenas decisivas. Dá pra imaginar como será esta noite.
O sucesso estrondoso da novela também movimentou instituições que não costumam muito fugir da normalidade. É o caso do Ministério Público que chegou a publicar postagens afirmando que não sabe quem matou Odete, mas se fosse na vida real seria ele – o Ministério Público – a denunciar o criminoso.
Já a Ordem dos Advogados do Brasil chamou atenção para uma falha no roteiro. É que os cinco suspeitos iniciais prestaram depoimentos sem a presença de um advogado. Segundo a OAB, mesmo sendo uma obra de ficção, a ausência de um defensor decepcionou.
Criminalistas também avaliam a ficção. Se César ou Heleninha forem os assassinos, perdem a herança. Pela lei brasileira, quem mata o autor da herança é considerado indigno.
Quanto a Leonardo, ele mantém o direito de herdar. Mesmo que tenha sido declarado morto por engano, ao reaparecer como agora, recupera seus direitos.
Até a Igreja Católica entrou na onda que envolve o final da novela, com a manifestação de vários sacerdotes. Um deles é o Padre Sardinha, bastante popular nas redes sociais.
Em vídeos curtos, que viralizaram país afora, ele fez uma montagem com a morte da personagem. Disse que chegou atrasado, mas deu conselhos para Odete:
O Copacabana Palace Hotel, onde Odete se hospedou no Brasil, também divulgou um pronunciamento oficial sobre a morte dela. A nota diz o seguinte: “Agradecemos a preocupação dos fãs de Vale Tudo e informamos que todos os hóspedes reais estão muito bem, desfrutando do serviço exemplar de sempre”.
Críticos de novela também dão palpites. A maioria diz que repetir quem matou Odete seria pequeno demais, porque afinal ela não é um mistério policial e sim uma força simbólica, o retrato de um país onde o poder nunca morre, apenas muda de forma e de mãos.
E convenhamos, se o próprio filho ressurgiu depois de 13 anos, quem ousa dizer que realmente ela não morreu. Na verdade, Odete Roitmam tem um caráter que vale nada, mas a interpretação de Débora Bloch vale tudo. A atriz se entregou de corpo e alma ao papel de uma mulher livre, inteligente e com frases que também fazem muito sentido na vida real.
A resposta que o Brasil procura só vem no capítulo de logo mais, que também deve mostrar a evolução de outros personagens. Marco Aurélio é um deles – o público quer vê-lo na cadeia. Agora, independente de qualquer final, uma coisa já dá pra adiantar – há muito tempo uma novela não fazia tanto sucesso, inclusive entre as novas gerações.
Foto: Reprodução Print - TV Globo
