Duas semanas após o crime bárbaro que tirou a vida do gari Laudemir de Souza Fernandes, em Belo Horizonte, o assunto continua muito presente nos noticiários de Minas Gerais, devido à comoção e revolta da população.
O gari foi morto no bairro Vista Alegre, depois de levar um tiro na região torácica, próximo às costelas. O caminhão de coleta de lixo em que ele trabalhava estava parado quando um veículo se aproximou e o motorista sacou uma arma, ameaçando a condutora do caminhão e logo depois atirou em Laudemir.
Segundo testemunhas, o suspeito saiu tranquilo e com semblante de bravo. Mais tarde, foi localizado pela polícia enquanto malhava em uma academia de alto padrão.
O caso tem duas novidades. A primeira é que a defesa do autor confesso Renê da Silva Nogueira Júnior, passou a ser conduzida pelo criminalista Dracon Luiz Cavalcante Lima, após a renúncia da equipe de defesa anterior.
Dracon é conhecido no cenário jurídico da capital por atuar em casos de grande repercussão, incluindo a defesa de uma mulher condenada por matar a síndica do prédio onde morava.
E a outra novidade se refere ao advogado que vai representar a família do gari. Trata-se de Fabrício Veiga Costa que, entre outras atividades, também é professor na Faculdade de Pará de Minas (Fapam).
Autor de inúmeros livros e professor universitário há vários anos, é especialista na área cível em primeira e segunda instância. Falando ao Jornal da Manhã, ele explicou a motivação para ter aceitado o caso:
O advogado também explicou a linha de defesa que ele pretende seguir:
Não se pode negar que o assassinato de Laudemir causou muita comoção na sociedade e revolta também. Mas isso pode influenciar no caso?
Perguntado se já atuou em casos semelhantes, em que o réu parece ser frio demais, tratando as pessoas de forma desrespeitosa, ele respondeu:
O JM também perguntou ao advogado qual a expectativa dele em relação à pena no caso Laudemir:
Colegas do gari assassinado fizeram um protesto em Belo Horizonte, cobrando celeridade no processo, mas o coordenador estadual das Promotorias de Justiça do Tribunal do Júri do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Claudio Barros, informou que esse procedimento é um dos mais longos do processo penal brasileiro.
Segundo ele, por se tratar de um crime doloso contra a vida, a competência do julgamento é do Tribunal do Júri. Isso significa que um grupo de cidadãos leigos, sorteados para formar o conselho de jurados, deverá decidir se o investigado Renê é culpado ou inocente e qual será a sentença.
Antes disso, porém, ele ainda precisará passar por outros estágios do processo penal, cada um com suas complexidades. “Até que o julgamento aconteça, será uma caminhada razoavelmente longa”, afirmou o promotor.
Foto: Reprodução Fapam/Divulgação