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Uma data para lembrar, pensar e se inspirar: 25 de julho, Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no Brasil

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A data foi criada para dar visibilidade às mulheres negras ao contar a história desta heroína do quilombo.

Tereza de Benguela liderou o Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, após perder seu companheiro, José Piolho, que foi morto por soldados.

Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas entre negros e índios, entre 1730 e 1795. 
A liderança de Tereza foi marcada pela criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa.

Também sob seu comando o quilombo organizou o cultivo de algodão e plantações de milho, feijão, mandioca e banana.

Perseguida e possivelmente morta por soldados, Tereza foi reconhecida no quilombo como rainha e guerreira, e por isso é lembrada e reverenciada como ícone de bravura da comunidade negra no Brasil. 

Para falar sobre este ícone e também sobre o Dia da Mulher Negra, nós conversamos com Maria Aparecida da Silva, a popular Cida Penha.

Ela é e membro dos grupos Étnicos de Pará de Minas, Mbari e Dandara, e se considera lutadora incansável contra o racismo e pela valorização da cultura negra. 

Ao falar sobre Tereza de Benguela, Cida destacou. 

Embora esta história de força e protagonismo siga como forte referencia para as novas gerações, infelizmente ser mulher negra no Brasil continua sendo um desafio. 
De acordo com o IBGE, elas continuam vivenciando altos níveis de desigualdade, no campo profissional, por exemplo. 71% das mulheres negras estão em ocupações precárias e informais, contra 54% das mulheres brancas e 48% dos homens brancos. 

O salário médio da trabalhadora negra também é defasado, muitas vezes chega à metade do salário da trabalhadora branca. Mesmo quando sua escolaridade é similar à escolaridade de uma mulher branca, a diferença salarial continua em torno de 40% para menos. 
Isso sem falar na violência. Há poucos dias os noticiários nacionais mostraram um vídeo que flagrava policiais militares agredindo uma mulher em Parelheiros, São Paulo. As cenas exibidas causaram repulsa. 

A vítima, uma mulher, negra, viúva, de 51 anos. Ela foi pisada no pescoço, num momento em que não oferecia qualquer resistência à ação policial. Cida Penha explica que casos de violência, inclusive os que partem de policiais, como no caso desta mulher de São Paulo, precisam ser repudiados, e que não só as vítimas, mas toda a população precisa denunciar estes abusos, como forma de frear este comportamento criminoso. 

Cida também lembra que a violência contra a mulher negra acontece de diversas maneiras, diariamente e em todos os lugares.

Cida entende que estes episódios só escancaram o nível de racismo enfrentado pela população negra em todo o país, e que deve ser combatido. Segundo ela, a sociedade continua reproduzindo comportamentos de mais de 150 anos, antes da assinatura da Lei Áurea. 

O que se percebe é que, pra muita gente, o tempo passou mas os hábitos racistas e escravagistas não foram abandonados. Cida exemplifica com os atos de violência que constantemente são exibidos pela mídia. 

Falando em movimento étnico e luta contra o racismo, quem está se debruçando sobre o tema, sobretudo nos últimos meses, é o Padre Geraldo Gabriel de Bessa. Ele está produzindo textos e vídeos para o Youtube sobre cultura africana, mitologia e escravidão no Brasil. 

Segundo ele, o momento é propício para falar sobre este tema, que é grande importância, sobretudo para repensar as origens do racismo no Brasil e também aprender sobre o outro lado da história.

Padre Gabriel destaca este material produzido por ele pretende ser uma ferramenta para que as pessoas tenham acesso a informações que, por muitos anos, foram apagadas.

Ele acredita que a partir de trabalhos como este, é possível promover uma  consciência de reparação e combate ao racismo.

Para quem se interessar em acompanhar este material, Padre Gabriel também mostra fatos interessantes e curiosos sobre a escravidão, não só no Brasil, mas também nos países da África.

Neste dia da Mulher Negra no Brasil, a expectativa é que ações como a do Padre Gabriel e o trabalho incansável de Cida Penha, através dos grupos étnicos, consigam transformar a realidade das pessoas pretas. 
Mas o caminho é longo. Um relatório produzido pela Rede de Observatórios da Segurança aponta que a população negra é a principal vítima da violência no país.

Eles são 75% dos mortos pela polícia. E entre as vítimas de feminicídio, 61% são mulheres negras. 
No recorte referente à população LGBT, uma pesquisa inédita analisou as notificações de violência contra este grupo entre 2015 e 2017 e verificou que metade das agressões teve pessoas negras como alvo.

De acordo com o Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, as mulheres e homens trans negros e negras, assim como lésbicas e gays negros estão mais vulneráveis por terem menor proteção do Estado. 
São dados que só reforçam a importância de um trabalho de luta contra o racismo e pela igualdade social.

E para marcar esta data, que também deve ser de esperança por dias melhores, Cida Penha deixa uma mensagem especial de força e encorajamento para todas as mulheres negras de Pará de Minas que deve se estender a toda a população oprimida. 

Para ter acesso ao material produzido pelo Padre Geraldo Gabriel, basta acessar ggpadre.blogspot.com ou o canal GGPadre no Youtube.







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