Enquanto as exportações impulsionam o crescimento do agronegócio brasileiro, a cadeia produtiva do leite sofre com as importações do lácteo dos países que fazem parte do Mercosul, especialmente a Argentina. O problema começou a ganhar forma no segundo semestre do ano passado, quando as importações dobraram de quantidade na comparação com 2019, justamente no momento em que a produção de leite nacional crescia.
A consequência desse cenário desfavorável foi o forte desequilíbrio entre a oferta e a demanda no país, pressionando para baixo o preço pago ao produtor pelo litro do leite. Esse movimento de queda, no entanto, não aconteceu com os custos dos insumos para a alimentação do gado, impactando ainda mais no orçamento dos pecuaristas.
Entidades como a Fecoagro Leite Minas e a Abraleite, além de lideranças políticas, como o deputado Federal Domingos Sávio, já tentaram dialogar com o governo sobre a necessidade de rever as condições de importação. Porém, a cadeia produtiva continua sentindo os efeitos da crise.
Segundo Milton Guimarães, pecuarista e membro da Cooperativa dos Produtores de Leite Granelizado da Região de Pará de Minas (Coopergranel), o setor não vai conseguir se manter firme no mercado por muito tempo se nenhuma medida for tomada pelas autoridades.
Ainda de acordo com Milton Guimarães, atualmente, o preço do litro do leite pago ao produtor na região varia em torno de R$ 1,80 a R$ 2,10, dependendo da qualidade e quantidade.
E a situação que acontece na cadeia produtiva de leite pode trazer reflexos em todo o setor econômico. Segundo a Abraleite, que é a associação brasileira dos produtores, o leite é produzido por 98% dos municípios brasileiros, por isso, com o pecuarista sendo prejudicado, coloca em risco outros segmentos da economia nacional.
Foto: Amilton Maciel/Rádio Santa Cruz FM
