Os reflexos da elevação da taxa Selic, que é usada para controle da inflação, emperraram a busca de quem sonha com a casa própria. Por causa do aumento dela, nesses últimos meses, o financiamento dos imóveis subiu bastante.
Como exemplo, basta citar o financiamento de um imóvel de padrão econômico, no valor de R$236 mil. Considerando o prazo de 30 anos para o pagamento, o cliente vai pagar R$100 mil a mais. Em maio de 2021 a taxa Selic estava em 3,5% ao ano e agora passou para 12,75%. É o maior patamar desde 2017 e atinge em cheio ao mercado imobiliário.
O setor continua com sinais de desaceleração na maioria dos padrões de imóveis. O Jornal da Manhã encontrou várias pessoas que desistiram de financiamentos nesses últimos dias. Uma delas é a professora Maria Isabel Oliveira, que sonhava em sair do aluguel. Ela estava fechando negócio de um apartamento na planta, que é mais barato, mas quando colocou o valor do financiamento no papel desistiu, porque ele ficaria em mais de R$2 mil por mês.
A taxa Selic só não trouxe implicações na procura dos imóveis de luxo. Como os compradores têm condição financeira privilegiada, eles tendem a fazer negócios à vista. Outra explicação é a mudança de comportamento do consumidor de maior poder aquisitivo. Com a pandemia, essa classe passou a questionar os locais de moradia, procurando aconchego maior e lazer dentro de casa.
Como é uma compra de vínculo emocional, a preferência recai sempre sobre os imóveis mais caros, que oferecem conforto, luxo e segurança. Nesses casos, geralmente não há falta de dinheiro para a realização dos sonhos.
O problema é sempre da classe trabalhadora de baixa renda que, nesse momento, ainda enfrenta outro agravante. Além da alta da taxa Selic, os custos das obras encarecem os valores dos imóveis. Mais da metade dos reajustes está ligada aos preços do aço, cimento e madeira.
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