Dez dias depois da Companhia de Tecidos Santanense negar problemas que não fossem relacionados à dificuldade de produção, em decorrência da falta de matéria-prima, a nova realidade dos trabalhadores é completamente diferente da que foi noticiada pelo Jornal da Manhã.
Naquela oportunidade, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Pará de Minas, Neuler Ribeiro, informou que a empresa estava tomando algumas medidas para se ajustar a realidade desafiante.
Neuler parecia tranquilo, assegurando que a empresa iria ocupar seus funcionários, entre 15 de fevereiro e 15 de abril, em capacitação profissional que seria ministrada em outras unidades da Santanense.
O sindicalista entendeu o momento crítico e achou justo que os funcionários se ocupassem dos cursos, afinal, estavam recebendo seus salários em dia. Mas essa realidade não existe mais.
Desde a semana passada que a direção da empresa está sendo cobrada a pagar os salários de janeiro. O atraso na folha pegou todo mundo de surpresa e já vem causando problemas financeiros para muitos, que tem neste emprego a única fonte de renda.
Sabe-se que a gerência local vem conversando com o sindicalista Neuler, alegando que a empresa está fazendo de tudo para quitar a folha que também está em atraso nas outras cidades de atuação da Santanense, caso de Itaúna e Montes Claros.
Abordado por nossa reportagem, Neuler disse que não pode dar outras informações sobre o caso, até mesmo pela ausência delas, mas não escondeu sua preocupação.
O Jornal da Manhã tentou falar com a diretoria da empresa, mas não obteve sucesso. Por telefone, o JM recebeu a informação de que o alto escalão estaria em sucessivas reuniões.
De nada adiantou a solicitação para que o contato telefônico tivesse retorno, pois ele não veio. Também não é possível entrar na empresa, já que todas as unidades estão fechadas, com cadeado no portão.
Segundo fontes, já existem funcionários pensando em se desligar da empresa a procura de um emprego mais estável, mas para isso acontecer eles precisam de acesso à diretoria e também não têm conseguido.
As mesmas fontes informaram ao JM que a situação da Santanense, financeiramente falando, é crítica e foi isso que forçou o atraso nos salários e pode até desencadear demissões.
O problema também preocupa a economia dos municípios onde ela tem filiais, afinal se houver dispensas certamente afetarão o caixa das prefeituras. Em Pará de Minas, a Santanense gera quase 400 empregos diretos. Nas outras unidades, os números são ainda maiores.
A Santanense tem uma capacidade instalada de produção para 60 milhões de metros lineares/ano. Os tecidos são voltados para os segmentos de moda e roupas profissionais. O Jornal da Manhã continua aberto para o caso da empresa querer se manifestar.
Foto Ilustrativa: Reprodução/Google Maps
