Não comer feijão ou consumi-lo de maneira irregular pode elevar o risco no desenvolvimento da obesidade. Esse foi um dos resultados de uma pesquisa do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, que procurou estudar a tendência de consumo e a relação da falta do alimento com o ganho de peso.
O estudo foi desenvolvido pela nutricionista e pesquisadora Fernanda Serra Granado. Ela utilizou informações do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Fernanda analisou dados de mais de 500 mil adultos entrevistados entre os anos de 2009 e 2019.
Eles foram divididos dois grupos: as pessoas que não comiam feijão ou consumiam de forma irregular e os que comiam regularmente o grão, durante cinco ou mais dias da semana.
O primeiro grupo, que não consome, apresentou 10% mais chance de desenvolver sobrepeso e risco 20% maior de obesidade. Por outro lado, aqueles que consumiram o feijão de forma regular tiveram cerca de 15% menos chance de apresentar excesso de peso e obesidade.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, Fernanda Granado admitiu surpresa com o resultado e disse que o fator de risco está associado ao alimento que as pessoas substituem o feijão.
A nutricionista também verificou na pesquisa que as pessoas estão consumindo menos feijão, situação que ela considera preocupante. Fernanda, inclusive, prevê que, em dois anos, a leguminosa será consumida apenas pela minoria da população.
A nutricionista considera o feijão um símbolo da cultura alimentar tradicional do brasileiro, reconhecido como marcador da qualidade nutricional da dieta. São vários os benefícios que ele traz:
Além da troca do feijão pelos ultraprocessados, a pesquisadora também considera o fator preço como um obstáculo para muitas famílias. Ela considera como urgente a necessidade de medidas regulatórias e fiscais para uma alimentação saudável, juntamente com a taxação de ultraprocessados e adequações na rotulagem dos alimentos.