A Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), não divulgou mais informações sobre o homicídio na Penitenciária Pio Canedo em Pará de Minas. O crime aconteceu na quarta-feira da semana passada (24), mas veio a público somente neste sábado com uma nota curta, divulgada pela Sejusp. A vítima foi Welington Feliciano Lopes da Silva, de 36 anos.
Ele foi executado por um colega de cela e outros dois presos. Segundo consta na nota, eles mesmos assumiram a autoria do crime. Peritos da Polícia Civil foram chamados imediatamente ao local. A notícia causou impacto na sociedade, já que há vários anos não ocorriam homicídios na Pio Canedo.
Familiares dos detentos ficaram muito assustados e manifestaram isso durante as visitas desse fim de semana. Tanto no sábado como ontem, este foi o principal assunto. Mas apesar da forte repercussão do caso, a movimentação na Pio Canedo foi bastante tranquila, conforme o Jornal da Manhã apurou durante o longo período em que esteve na porta do presídio.
Foi mantido o acesso de dez visitantes por vez, sendo que todos precisaram se submeter às revistas de praxe e apresentar o cartão de vacinas em dia. A equipe do JM não pôde entrar, mas conversou com várias pessoas na portaria e a principal mensagem que elas passavam para aqueles que não tinham acesso ao interior do presídio era de tranquilidade, apesar do ocorrido.
O depoimento desta visitante, que não será identificada, reflete as várias mensagens ouvidas por nossa reportagem:
A reportagem do Jornal da Manhã também tentou entrevistas com os policiais penais. Ao recusar, eles alegaram que têm ordens expressas de não falar com a imprensa ou divulgar qualquer informação sobre a rotina da Pio Canedo. O diretor do presídio não estava presente.
No entanto, o JM apurou junto a alguns familiares dos detentos, logo que eles terminaram as visitas, que a morte de Welington teria sido provocada pela recusa dele em ceder o marmitex para um colega de cela. Houve uma discussão depois e ele foi enforcado. Não se sabe se os envolvidos tinham alguma rixa.
Ainda segundo as fontes, a alimentação tem sido motivo de muita insatisfação na Pio Canedo e o problema não é de hoje. Além da má qualidade, alegada por eles, a quantidade de comida servida nas marmitas é pequena, deixando muitos com fome.
Fontes também informaram ao JM que a insatisfação alimentícia se agravou com as mudanças adotadas no presídio. Antes os visitantes podiam levar comida à vontade e vários outros itens, inclusive de higiene.
Durante a pandemia da Covid-19 os alimentos foram proibidos e a alternativa dos familiares era fazer um depósito na conta do presidiário. Mas esse sistema durou pouco tempo e aí foi adotada a lista padrão de itens que podem ser oferecidos aos detentos periodicamente, desde que sejam enviados por Sedex.
Esses itens, segundo as fontes, vão de achocolatado, batalha palha e doce até papel higiênico e aparelho descartável de barbear. Já no dia a dia, os detentos se alimentam apenas com os marmitex e o café servido no presídio.
Durante a tarde de ontem o Jornal da Manhã também acompanhou, do lado de fora, a movimentação religiosa na Pio Canedo. Ela sempre acontece com a presença de missões evangelizadoras da Pastoral Carcerária, pertencente à Igreja Católica, e de outras religiões que se revezam na celebração de missas e cultos.
Ontem foi a vez dos representantes da Igreja Pentecostal Jesus Fonte de Vida. Liderado pela bispa Dartagna Shirden, antes de entrar na penitenciária o grupo falou conosco. Estavam presentes os voluntários Maura Santos, Lucilene Lima, Rosana Lemos, Gleice Kelly Silva, Glória Cecílio e Carlos Oliveira:
A direção da Pio Canedo, segundo informação da Sejusp, já instaurou um procedimento interno para apuração das circunstâncias do homicídio. O Jornal da Manhã voltará a fazer contato em busca de mais informações, inclusive a respeito da comida servida aos presos.