Um homem de 33 anos, usando tornozeleira eletrônica, foi preso em Itinga, no Vale do Jequitinhonha, depois de ameaçar de morte o próprio irmão e a cunhada com uma faca. Segundo a Polícia Militar, ele já tinha passagem pelo sistema prisional e ligação com facção criminosa. Mesmo no quartel, continuou dizendo que mataria os dois quando deixasse a prisão.
Durante a abordagem, policiais apreenderam a faca usada nas ameaças e dois celulares. O suspeito foi detido por crime de ameaça com base na Lei Maria da Penha, já que há vínculo de afinidade entre ele e as vítimas. O caso segue em investigação.
Esse tipo de ocorrência acende o alerta, onde situações envolvendo monitorados eletrônicos têm se tornado cada vez mais frequentes. O uso da tornozeleira cresceu 20 vezes no Brasil em menos de dez anos, passando de pouco mais de 6 mil monitorados em 2016 para mais de 122 mil em 2024. Hoje, 13% de toda a população carcerária está nas ruas com o dispositivo.
Especialistas apontam que o aumento explosivo ocorre porque o sistema prisional está superlotado, com déficit de mais de 175 mil vagas. Assim, muitos condenados ou presos provisórios são colocados sob monitoração, que acaba servindo como escape para a falta de celas e vagas no regime semiaberto — realidade semelhante à de várias cidades mineiras, inclusive a nossa região.
O problema é que, segundo estudiosos, o uso indiscriminado da tornozeleira dificulta a reinserção dos detentos, estigmatiza o monitorado e pode até aumentar o risco de reincidência criminosa. E quando crimes são cometidos por pessoas que deveriam estar sendo vigiadas, como neste caso em Itinga, cresce a sensação de insegurança da população.
Situações como essa mostram que a discussão sobre segurança pública, superlotação e monitoramento eletrônico não está distante — impacta diretamente a vida de quem vive em Pará de Minas e região, onde casos semelhantes já ocorreram. O debate precisa avançar para que a tornozeleira funcione como proteção da sociedade, e não como fragilidade do sistema.
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