Durou quase duas horas a cerimônia que marcou o início da vacinação contra a covid-19 em Pará de Minas. Ela aconteceu aos pés do Cristo Redentor, reunindo alguns profissionais de saúde e autoridades municipais.
A prefeitura montou uma tenda no local onde foram feitos os discursos e aplicadas as primeiras doses do imunizante. A enfermeira Fernanda Monte Alegre foi a primeira a receber a vacina.
Fernanda faz parte da equipe que trabalha no enfrentamento direto da covid, com atendimentos domiciliares. Ao longo dos últimos meses ela enfrentou muitos desafios, principalmente com os pacientes que resistiam ao tratamento:
A médica cardiologista Silvana Zenóbio, que há 30 anos trabalha no Hospital Nossa Senhora da Conceição, também recebeu a vacina. Integrando a equipe da linha de frente da pandemia, ela se mostrou aliviada:
Outras seis pessoas receberam a vacina na tenda montada no Cristo Redentor: a médica Nayara Santos Oliveira, que trabalha no Hospital Padre Libério, os enfermeiros Renata de Paula Arcanjo, Ricardo Dutra Cambraia e Lorraine de Abreu Silva, além da
Técnica em Enfermagem Geralda Sueli Mendonça e do repórter Amilton Maciel. O presidente da Câmara, Toninho Gladstone, assistiu a vacinação e disse que sonha com o momento em que toda a população esteja imunizada:
O discurso do prefeito Elias Diniz foi carregado de emoção. Ele definiu o momento histórico como aquele que chegou para salvar vidas:
Já o secretário municipal de Saúde, Wagner Magesty, aproveitou o momento para enviar uma mensagem à população. Ele pede às pessoas que não procurem as UBSs em busca da vacina porque a distribuição continuará chegando em lotes fracionados. Magesty reconhece que Pará de Minas recebeu poucas doses no primeiro lote, levando em consideração o tamanho da população, mas na comparação com outras cidades a realidade é bem melhor:
E no começo da tarde de ontem, a Prefeitura de Pará de Minas deu prosseguimento à vacinação, imunizando os idosos que vivem na Cidade Ozanam. As primeiras a receberem o imunizante foram as irmãs conhecidas como “Par de Jarra”, Rosa e Tereza. Vestidas de vermelho, sentadas lado a lado e de mãos dadas, elas aplaudiram a enfermeira que aplicou a vacina. Depois Rosa deu uma palavrinha para o Jornal da Manhã:
A vacinação continua hoje, totalmente direcionada aos profissionais de saúde. Ainda não se sabe quando chegará o segundo lote. Pará de Minas recebeu na tarde de quarta-feira 1.628 doses. Mas elas são contadas como 814 porque a outra metade ficará guardada para a segunda dose, que será aplicada na primeira quinzena de fevereiro. E em meio a toda a emoção pelo início da distribuição da vacina no país, a continuidade do processo de imunização é muito incerta.
O Brasil teve apenas seis milhões de doses para distribuir aos estados e municípios, numa proporção altamente desigual levando em conta os 211 milhões de habitantes. E agora o governo admite a dificuldade extrema, já que não tem mais como produzir a Coronavac por falta de matéria-prima, que precisa apenas de liberação do governo chinês para ser enviada.
O problema vem dos vários ataques do presidente Bolsonaro até a resistência do governo em comprar o imunizante. O Instituto Butantan já apelou para que o presidente tenha dignidade para restabelecer relações com a China, agilizando o envio de mais insumos para a continuidade da produção de vacinas.
O atraso no envio desses insumos é consequência da crise diplomática instaurada por Bolsonaro em outubro do ano passado, quando ele declarou que não compraria a matéria-prima chinesa. Apesar disso, a Anvisa autorizou o uso emergencial da Coronavac, assim como do imunizante britânico AstraZeneca. O instituto aguarda a chegada de dois milhões de doses da Índia, onde a AstraZenaca é fabricada, mas ainda não há data para o transporte que seria na semana passada.
Fotos: Rafael Cesar/Rádio Stilo FM e Felipe Couto - Seminarista
