Situação comum nas festas de fim de ano, o uso de fogos de artifício com estampidos costuma marcar momentos de celebração, especialmente o Réveillon. No entanto, por trás das luzes e do clima de confraternização, os ruídos intensos provocados por rojões e artefatos pirotécnicos podem causar sérios prejuízos para animais e pessoas com sensibilidade auditiva.
Animais domésticos e silvestres possuem uma audição muito mais sensível do que a humana. Cães, por exemplo, conseguem ouvir sons a distâncias e frequências muito maiores, sem compreender a origem do barulho, o que intensifica a sensação de ameaça. Já os gatos, embora demonstrem o medo de forma mais silenciosa, também sofrem alterações comportamentais importantes.
Os fogos de artifício com estampidos representam um risco real para os animais. De acordo com a médica veterinária Clara Mendes, o barulho intenso pode provocar reações extremas, podendo ser fatal.
Diante desse cenário, a orientação é clara: não soltar fogos que produzem barulhos altos. A veterinária também dá dicas de como preparar os animais para períodos de muito barulho, destacando medidas que ajudam a reduzir a ansiedade e o estresse nesses momentos.
Por fim, a profissional reforça que, ao identificar sinais de medo, o tutor jamais deve deixar o animal sozinho durante episódios de barulho intenso, garantindo acolhimento, segurança e tranquilidade até que a situação passe.
Os fogos de artifício com estampidos também representam um grande desafio para pessoas com hipersensibilidade sensorial, especialmente aquelas dentro do espectro autista.
O autismo, por si só, já envolve alterações no processamento sensorial, sendo a sensibilidade auditiva uma das mais comuns. Sons altos, repentinos e imprevisíveis, como os provocados por rojões, podem ser percebidos de forma muito mais intensa, causando desconforto extremo e sofrimento imediato.
Em situações de estampidos, algumas pessoas autistas relatam sintomas como dores de cabeça intensas, sensação de pressão ou “agulhadas” na cabeça, desorientação, ansiedade extrema e crises sensoriais.
Em casos mais graves, a pessoa pode perder momentaneamente a capacidade de se comunicar ou de se orientar, o que aumenta o risco de acidentes e agrava o sofrimento.
Além das pessoas com autismo, os fogos com barulho também afetam idosos, pessoas doentes, acamadas ou com transtornos de ansiedade, enxaqueca e outras condições neurológicas. Para esse público, o impacto dos estampidos pode gerar picos de estresse, elevação da pressão arterial, agravamento de quadros clínicos e sensação de medo e insegurança.
Vale lembrar que Pará de Minas possui lei municipal que proíbe o uso de fogos de artifício com estampidos, no entanto ainda há dificuldade na fiscalização e punição sobre o uso desses artefatos.
Foto: Ronni Anderson/Rádio Santa Cruz FM