O risco de uma invasão de calçados chineses no Brasil, após a escalada das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos aos produtos do país asiático, está preocupando o setor calçadista brasileiro.
E para tirar ainda mais o sono dos empresários, esse temor se soma às dificuldades de contratação e ao elevado custo da mão de obra, problema que afeta a indústria de uma maneira mais intensa nos últimos meses.
Minas Gerais concentra 14% da produção nacional de calçados, com destaque para o polo de Nova Serrana. O presidente do Sindinova, Rodrigo Amaral Martins, confirma o receio não apenas da possibilidade de invasão dos calçados chineses como da entrada desordenada de produtos oriundos de outros países com grande produção, caso da Indonésia, Vietnã e Camboja.
Segundo Rodrigo Martins, esses mercados asiáticos também foram taxados pelos Estados Unidos com alíquotas de importação maiores em comparação às que foram aplicadas ao Brasil. Por isso, eles vão precisar buscar mercados alternativos para seus produtos e é aí que o Brasil pode aparecer.
A maior preocupação do Sindinova, por exemplo, é com a invasão asiática por meio de um dumping, que é a comercialização de artigos com preço abaixo do custo de produção, a fim de eliminar a concorrência.
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) também manifesta preocupação com essa possibilidade, por isso a diretoria está mantendo conversas com o governo federal em busca de soluções para minimizar os impactos sobre a indústria nacional.
O setor calçadista nacional movimentou mais de R$33 bilhões em 2024 e prevê para este ano a produção de até 904 milhões de pares, o que representaria um avanço de 2% no balanço do ano passado.
A indústria calçadista nacional emprega 290 mil trabalhadores, sendo que 31 mil trabalham em Minas Gerais, que aparece como o quinto estado mais empregador do país.
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