Brincando, correndo ou pulando, as crianças sempre agitaram os ambientes onde estão inseridas. Ocorre que esse comportamento tem mudado muito por causa do isolamento social, que já dura quase quatro meses. Longe da escola, da creche, dos parques e das praças, assim como da casa dos amigos e até dos parentes, a garotada está sentindo muito os efeitos do distanciamento e os pais precisam ficar atentos a isso.
O Jornal da Manhã ouviu o psicólogo Juarez Lima, que não pôde gravar entrevista por estar afônico. Mas ele respondeu, por meio de texto, todas as perguntas dizendo que o primeiro sinal de alerta é o comportamento que antes a criança não apresentava, tais como agressividade, inquietude e medos infundados.
Segundo o médico, a regressão no comportamento tem sido o maior sinal que os pais estão percebendo e ele cita que grande quantidade de crianças, na faixa etária de 4, 5 anos, voltou a sujar a roupa com urina e fezes. O psicólogo recomenda muito diálogo com os filhos nesse momento difícil.
Os pais devem explicar a eles, com linguagem própria para a idade, tudo que está acontecendo em diálogo franco e espontâneo porque elas entendem, a seu modo. Agora, é preciso atenção para o excesso de informações, pois isso pode gerar ainda mais ansiedade. Um erro comum dos pais é achar que os filhos ignoram os fatos. Toda criança, mesmo que sem os recursos cognitivos suficientes para entender e interpretar o contexto, sente algo diferente no ar.
Outra recomendação é estimular que elas expressem seus sentimentos, medos, angústias e inseguranças por meio de desenhos e estratégias em que haja o aspecto lúdico. Falar sobre a importância da rotina de estudos, das brincadeiras e do descanso também é importante. É preciso salientar ainda que ficar em casa não significa férias e sim um novo modo de estar no mundo.
Juarez Lima reconhece que diante do quadro atual de pandemia, em que muitas pessoas estão morrendo, e isso é diariamente noticiado, é esperado que as pessoas fiquem ansiosas e inseguras. O sentimento de incerteza é muito intenso, afetando a saúde mental dos baixinhos e dos adultos também.
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