Não se pode negar que muitos consumidores realizaram o sonho de fazer boas compras na Black Friday, conseguindo descontos até maiores que 50% em relação ao valor original da mercadoria. Mas essa realidade foi diferente para a grande maioria das pessoas que sonhavam com a chegada do 27 de novembro.
Aquele cenário de sacolas abarrotadas, filas e mais filas para garantir o produto mais em conta não aconteceu ontem, nem no Brasil e nem em Pará de Minas. Além do impacto causado pela crise do coronavírus - do medo de contaminação à insegurança financeira – os consumidores demonstraram insatisfação com os preços ofertados.
De um modo geral, eles alegaram que esperavam bem mais do que foi oferecido, afinal era a Black Friday e não uma promoção qualquer. Nas lojas virtuais a margem de descontos também decepcionou muita gente. E a pergunta que ganhou destaque no dia foi: Cadê aqueles descontos maravilhosos que todo mundo esperava? A explicação para o fato vai muito além da pandemia ou da falta de dinheiro no bolso.
As empresas seguraram os descontos maiores exatamente pela dificuldade de reposição das mercadorias. O raciocínio passa pela matemática pura e simples: qual a vantagem de vender barato agora se na hora de renovar o estoque o produto vai chegar 20% ou 25% mais caro? Tem outro argumento forte: como a indústria nacional ficou fechada por quatro meses até hoje ela não está conseguindo abastecer o mercado.
Então as lojas estão fugindo do risco de ficar sem ter o que vender em dezembro, quando o espírito natalino toma conta de grande parte dos consumidores. Agora o que não faltou nesta Black Friday foi uma chuva de reclamações. Os Procons dos grandes centros registraram aumento de 60% de queixas em relação a 2019.
As principais foram: aumento camuflado, com desconto sobre o reajuste de última hora no produto, pedido cancelado após a finalização da compra e mudança de preço após a finalização da compra. Mas apesar disso tudo ainda tem gente de olho na promoção que o comércio pretende esticar não só nesse fim de semana como na segunda-feira também, encerrando o mês de novembro. É que em tempos de dinheiro tão curto, qualquer descontinho já ajuda no orçamento doméstico. Então, porque não continuar procurando?
Fotos: Amilton Maciel/Rádio Santa Cruz FM
