Em processo de implantação nas redes pública e privada, o Novo Ensino Médio tem gerado discussões entre toda comunidade escolar. A reformulação nesta etapa do ensino se tornou lei em 2017, mas só entrou em vigor no ano passado. Ela impõe mudanças na grade curricular e prevê a oferta de conteúdos optativos, chamados de itinerários formativos, com o objetivo de tornar as aulas mais atrativas e reduzir a evasão escolar.
A implementação está sendo feita por etapas. Em 2022, ela começou pelo 1º ano do Ensino Médio. Neste ano, o processo também envolve alunos do 2º ano, tendo como novidade a escolha dos itinerários. E para 2024, o ciclo termina com a participação dos três anos do Ensino Médio.
Ocorre que embora tenha sido anunciado com o propósito de melhorar a oferta do ensino, o programa tem sido alvo de muitas críticas por parte de professores, alunos e gestores de escolas brasileiras. O Jornal da Manhã ouviu profissionais que atuam nas duas redes e eles apontaram vários obstáculos.
O primeiro diz respeito ao aumento progressivo da carga horária do aluno na escola. Se antes era previsto um total de 2.400 horas-aula no Ensino Médio inteiro, agora a proposta é chegar a 3 mil horas. Na opinião do orientador pedagógico do Colégio Apogeu, Jorge Faria, essa decisão pode representar a expulsão de muitos estudantes.
Outro ponto que tem gerado divergências entre os educadores é o agrupamento das disciplinas. O modelo anterior determinava o ensino de 12 matérias individualizadas, agora, elas foram divididas em 4 áreas de conhecimento. Segundo o diretor da Escola Estadual Fernando Otávio, Alfredo Couto, a ideia de integrar os conteúdos põe fim a uma metodologia trabalhada há muito tempo.
Alfredo Couto e Jorge Faria também citaram as diferenças entre cada escola, município e estado, que devem ser levadas em consideração na execução das mudanças. A título de exemplo, no Colégio Apogeu há cerca de 50 alunos no Ensino Médio. Já na Escola Fernando Otávio, esse número chega próximo de 900.
Ainda dentro das discussões sobre o Novo Ensino Médio está a sobrecarga dos professores. É que eles passam a lecionar, obrigatoriamente e sem remuneração extra, outros conteúdos, muitos dos diferentes de sua área de conhecimento. Rondinelli Alves, professor de História, detalha a situação.
Diante das críticas recebidas em todo o país, o Governo Federal abriu consulta pública para dialogar com a sociedade sugestões de mudanças e melhorias à legislação. O prazo de consulta vai até junho, após esse prazo será feito um relatório final e encaminhado ao ministro da Educação, Camilo Santana.