Oitenta e nove dias depois da criação da Comissão Processante, criada para analisar o pedido de cassação da vereadora Márcia Marzagão, a Câmara de Pará de Minas encerrou o processo.
Em reunião aberta ontem às 8h30 da manhã e encerrada no final da tarde, a maioria dos vereadores acatou a denúncia, sob a alegação de que os depoimentos e documentos apresentados ao longo dos quase três meses tinham consistência.
Pesavam contra a vereadora três denúncias de falta de decoro parlamentar, sendo que uma delas foi arquivada, e outras contidas na justificativa apresentada para o pedido de cassação. A votação foi nominal e mostrou o placar de 13x4:
A vereadora Márcia Marzagão disse que já esperava por esse resultado, uma vez que alguns colegas de Câmara já teriam antecipado o final do processo. Falando ao Jornal da Manhã, ela disse que foi vítima da intolerância:
Márcia vai recorrer judicialmente da decisão da Câmara, mas não sabe se quer voltar para o cargo:
Já o presidente da Câmara, Nilton Reis, assegurou que a Comissão Processante trabalhou dentro da legalidade, em um procedimento totalmente transparente:
O autor do pedido de cassação, vereador Márcio Lara, acompanhou a sessão mas não teve direito a voto porque a lei impede. Foi substituído pelo primeiro suplente de seu partido. Ao término da reunião, ele falou ao Jornal da Manhã:
O vereador Luiz Lima foi um dos quatro que não votaram pela cassação, mas disse que respeita a decisão dos colegas:
O julgamento de ontem também contou com a presença do advogado e ex-vereador José Aparecido Ferreira Rodrigues. Ele estava no plenário quando foi convidado para defender a vereadora, uma vez que nem ela nem o seu advogado estavam presentes. A lei não permite que uma pessoa seja julgada à revelia.
Pouco depois José Aparecido recebeu um telefonema de Márcia Marzagão, dispensando-o da função. Diante disso, ele recomendou a ela que se apresentasse na Câmara e oficializasse a decisão, o que realmente aconteceu.
Ao término do julgamento, José Aparecido informou ao Jornal da Manhã o caminho que a vereadora terá que tomar para reverter o processo:
Hoje a presidência da Câmara vai informar a decisão à Justiça Eleitoral, para que a mesma sinalize os procedimentos para a posse do sucessor da vereadora. Trata-se de Gustavo Henrique Duarte, também do PSDB. Ele já trabalha no Legislativo, assessorando o vereador Juninho Jr.
O diretório municipal do PSDB, partido ao qual Márcia Marzagão é filiada, divulgou um manifesto na véspera do julgamento. O documento assinado pelo presidente Everton Marinho de Paiva, informou que o partido fechou questão contrariamente à cassação da vereadora, em virtude da ausência de fundamentação jurídica de crime.
No entanto, a manifestação do partido não foi atendida pelos três vereadores da sigla. É a primeira vez na história de Pará de Minas que um político é cassado.
Fotos: Amilton Maciel/Rádio Santa Cruz FM
