A cada ida ao supermercado ou à mercearia mais próxima de casa, o consumidor toma um susto. A disparada dos preços dos alimentos revela falta de sintonia total com o bolso do trabalhador. Os assalariados não conseguem mais repor a despensa para um mês inteiro. A saída tem sido as compras fracionadas e, principalmente, produtos mais baratos como estratégia para fazer o dinheiro render mais.
No entanto, essas iniciativas têm mostrado pouca eficácia diante da inflação, resultando em grande frustração para os consumidores. Um exemplo claro dessa realidade está na dificuldade de repor a proteína no prato. Para substituir a carne, muitas famílias estão optando pela sardinha em lata, que já subiu mais de 50%, os peixes menos nobres e nos ovos que também não param de encarecer.
A explicação para a alta das omeletes é fácil de ser entendida. Em 2010 o consumo médio por pessoa era de 148 ovos por ano. Muita gente tinha medo de consumir o produto com medo do colesterol. Mas depois que a má fama do ovo morreu, associada agora à renda apertada do trabalhador, o consumo cresceu muito, em torno de 47% de 2020 para cá. Acontece que as granjas não estavam preparadas para esse boom e diante da demanda crescente, os preços subiram novamente.
Nos últimos dois meses o pente de ovos teve uma variação de 60% e dependendo da classificação do produto – como tamanho, se é de granja ou caipira – ele já passa de R$20,00. Minas Gerais tem 340 granjas destinadas à produção de ovos e elas também estão lidando com os reajustes nos preços dos insumos, especialmente das embalagens, combustível e ração.
Para se ter ideia do aumento dos custos, o saco de 60 kg de milho dobrou de preço, ao longo da pandemia, e está sendo vendido a R$100,00. Como um aumento puxa outro, quando o ovo chega na mesa está custando bem mais caro do que o consumidor planejava pagar. E a situação vai ficando apertada, porque as donas de casa ainda não encontraram nada tão popular quanto os ovos para substituir a carne.
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