A volta do recesso para alguns alunos e professores da Escola Estadual Professor Wilson de Melo Guimarães foi marcada por tristeza e ares de incerteza sobre o futuro do ensino de tempo integral.
Por decisão da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Pará de Minas, a turma do terceiro ano do Ensino Médio de Tempo Integral foi fechada. Agora, faltando menos de quatro meses para o fim do ano letivo, os alunos precisam se transferir para outra escola para darem sequência aos estudos.
O fechamento da turma foi comunicado à direção da escola em julho, na véspera do recesso. Segundo informaram ao Jornal da Manhã, a decisão inicial era fechar todas as turmas de tempo integral, incluindo o primeiro e segundo ano do Ensino Médio. Porém, após conversas entre representantes da instituição e a SRE, foi definido apenas o encerramento do terceiro ano.
A turma era composta por três alunos: Gabriel Augusto da Cruz Batista, Júlia Ferreira Barbosa e Tainá Cristina Borges. Apesar do baixo número de estudantes, o terceiro ano em tempo integral foi autorizado para este ano. O JM conversou com Gabriel e Júlia, que demonstraram tristeza e frustração com o fechamento.
Os alunos não querem se transferir para outras escolas e ainda sonham com a revogação da medida.
Além dos três alunos, o fechamento afetou diretamente 11 professores. Um deles é Ronan Barros, professor de Química. Ele citou os prejuízos para os profissionais, especialmente os contratados pelo Estado.
Ronan Barros também acredita que os alunos sentirão a mudança de escola, sobretudo se forem para uma unidade que não tenha ensino de tempo integral. A preocupação dele é com a proximidade do Enem, exame fundamental para que eles possam entrar em uma faculdade.
Quem também ficou frustrada com a decisão foi Andreza Moretzshon Barcellos Rios, supervisora do Ensino de Tempo Integral na Escola Professor Wilson de Melo Guimarães. Ela não consegue entender porque a turma foi fechada somente agora, se no início do ano não houve qualquer empecilho para o funcionamento.
Ainda segundo a supervisora, a decisão da Superintendência de Ensino coloca em dúvida a continuidade das turmas de Ensino em Tempo Integral na Escola Professor Wilson de Melo Guimarães a partir do ano que vem. Com as turmas que permaneceram, são 25 estudantes nesta modalidade.
A diretora Patrícia Martins preferiu não conceder entrevista no momento. Já a superintendente Regional de Ensino, Tânia Morato, conversou conosco na tarde de ontem. Ela começou a entrevista lamentando o fechamento da turma, mas disse que manter o terceiro ano em funcionamento seria inviável financeiramente.
Segundo a superintendente, havia uma expectativa no início do ano da entrada de mais alunos no decorrer do semestre, algo que não aconteceu. Sobre o fato de a decisão ter sido tomada somente agora, ela afirmou que o fechamento de uma turma pode ser definido a qualquer época do ano e que os diretores sabem disso.
Como exemplo, Tânia disse que em abril a SRE fechou outras turmas de Ensino Médio de Tempo Integral, como em escolas de Bom Despacho, Pitangui e em Tavares, por causa da baixa quantidade de alunos.
Quanto a situação dos alunos, Tânia Morato disse que eles poderão se transferir para a Escola Ângela Maria, localizada na mesma região e onde há o ensino regular, ou Escola Manoel Batista, onde há o Ensino de Tempo Integral.
Se eles não mudarem de instituição e ficarem sem estudo, os pais poderão ser responsabilizados por crime de abandono intelectual, contido no artigo 246 do Código Penal Brasileiro.
Sobre os professores contratados, Tânia Morato afirmou que eles estão sujeitos a dispensa a qualquer momento e que isso já é de conhecimento deles no momento em que firmam o vínculo com o Estado. No entanto, a superintendente não disse se eles terão o contrato encerrado.
O Jornal da Manhã apurou, ainda, que na próxima terça-feira, dia 8, haverá uma reunião entre a direção da escola, Superintendência de Ensino e Comissão de Educação da Câmara Municipal para tratar do assunto e tentar encontrar alternativas para que os alunos e profissionais não sejam prejudicados.
Fotos: Germano Santos Rádio Santa Cruz FM
