Visitantes do Cemitério Santo Antônio, o único em funcionamento em Pará de Minas, estão revoltadíssimos com a onda de furtos nos túmulos de familiares e amigos. Depois de uma temporada de ausência, ladrões voltaram a agir.
E eles têm levado de tudo, desde crucifixos e imagens de santos, a peças de bronze e inox. Os furtos estão acontecendo principalmente nos túmulos antigos, de maior porte, e os prejuízos se acumulam a cada semana.
Segundo levantamento feito pelo Jornal da Manhã, perto de 20 ocorrências policiais foram registradas nos últimos três meses, mas o número de vítimas pode ser bem maior porque nem todas as famílias registram o desaparecimento das peças.
A indignação também toma conta dos profissionais autônomos, que são contratados para cuidar dos túmulos. Este homem que não vamos identificar na reportagem mostrou ao Jornal da Manhã várias fotografias. Todas elas mostram claramente o espaço vazio deixado pelas peças levadas pelos ladrões:
A família dele também teve prejuízos com a ação dos ladrões:
Procurado pelo JM, o chefe do Velório Municipal e do próprio Cemitério Santo Antônio, João Américo, confirmou os furtos. Segundo ele, depois de uma temporada de ausência, os ladrões voltaram a agir. E não foi só aqui. Recentemente, a Polícia Rodoviária prendeu membros de uma quadrilha especializada nesse tipo de roubo. Eles confessaram que estavam agindo em Pará de Minas, Itaúna e Divinópolis. O carro estava lotado de peças furtadas nos cemitérios.
João Cornélio diz que os ladrões estão agindo à noite, porque durante o dia é impossível sair do cemitério com alguma peça sem que as pessoas percebam. Ele até acredita que os fora da lei passem pelo cemitério à luz do dia para inspecionar discretamente os túmulos. E à noite, quando voltam, pulam o muro que é baixo e fazem o serviço.
Já faz algum tempo que o Cemitério Santo Antônio está sem vigia noturno e, desde então, os furtos voltaram a acontecer. À pedido, a Guarda Municipal passou a fazer três rondas diárias no interior do cemitério e João Cornélio está reivindicando agora que as inspeções também sejam feitas à noite.
Ele também pede aos visitantes que fiquem atentos a qualquer movimento suspeito. Sempre que alguém perceber condições fora do comum deve comunicar o fato imediatamente à Guarda pelo telefone 153. João Cornélio também aconselha às famílias que registrem boletins de ocorrência oficializando os furtos. Na possibilidade das peças serem encontradas futuramente, a identificação dos proprietários será possível através dos boletins policiais.
Não se tem notícia de que as peças, especialmente de bronze, estejam sendo desmanchadas na cidade. Também não há informações de que isso esteja acontecendo na região. Certo mesmo é que furtos desta natureza estão acontecendo com mais frequência em todo o país. A violação de túmulos acontece tanto nas cidades grandes como no interior.
Quanto maior a imagem do santo em bronze ou mesmo crucifixos de metal, mais atrativas as peças se tornam. A revolta das famílias não se dá apenas pelo prejuízo material. A maioria delas se queixa de peças que vinham passando de geração para geração, caso das plaquinhas com fotos de parentes que já se foram.
Fotos: Reprodução Arquivo Pessoal
