“A pecuária leiteira tomou um coice no estômago de uma vaca mal piada”. Essa declaração é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Antônio Pitangui de Salvo, para resumir a situação da atividade leiteira no Estado em 2023.
Desde o início do ano, os pecuaristas têm chamado atenção das autoridades para a grave crise no setor diante dos altos números de importação de leite em pó, vindo, principalmente, dos vizinhos Argentina e Uruguai.
Esse movimento desequilibrou o mercado interno e provocou a queda drástica dos preços pagos aos produtores, especialmente os pequenos e médios. Em contrapartida, os custos de produção mantiveram-se em alta, fazendo com que a conta fechasse no vermelho em vários meses.
O presidente da Faemg defendeu medidas mais efetivas de segurança aos produtores, alegando que a pecuária leiteira apresenta uma peculiaridade significativa em relação a outras atividades do agro.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), somente no primeiro semestre deste ano, o Brasil importou um bilhão de litros de leite, volume 300% maior que o mesmo período de 2022.
A intensidade da importação forçou muitos produtores a deixar a atividade. Em Minas Gerais, segundo o presidente da Faemg, de 8% a 10% dos pecuaristas não conseguiram se manter no ramo e essa baixa pode gerar outro problema a médio e longo prazo: o desabastecimento de leite.
Ainda na entrevista, De Salvo reforçou a necessidade de mais políticas públicas para o setor.
Segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do leite pago ao produtor em 2023 sofreu queda de 24,8%. Isso reflete diretamente em Minas Gerais, pois o estado é o maior produtor de leite do país, responsável por 27% da produção nacional.